As confissões de Jesus

A imagem que tinha de Jorge Jesus era a dada pela televisão sempre que passa um jogo do Benfica. Um homem temperamental, de feitio difícil.

Quando soube que o ia entrevistar pensei que não seria tarefa fácil, atendendo a que está nos píncaros e o seu ‘feitio’ poderia estar mais exacerbado. Por isso, a surpresa foi total.

Durante as mais de quatro horas de entrevista, que será publicada no SOL de 30 de Maio, Jorge Jesus mostrou-se um homem sensível, amigo dos amigos e até divertido.

Na entrevista confessou que o pior dia da sua vida desportiva foi o da final da Taça de Portugal no ano passado, contra o Guimarães e que o Benfica perdeu, e explicou por que ficou a admirar e a torcer por Tim Sherwood, o técnico do Tottenham com quem quase chegou a vias de facto em Londres quando as duas equipas se defrontaram.

Jesus foi várias vezes interrompido por populares que passavam à janela do restaurante Oito 18, onde decorreu a entrevista, e a todos deu um autógrafo ou tirou uma fotografia. Houve mesmo quem tivesse pedido para que assinasse no blusão que trazia vestido.

Na longa conversa, revela porque aceitou ficar no Benfica no ano passado, depois de ter visto um vídeo no YouTube e de um fã de 25 anos lhe ter entregue o emblema de prata, suplicando-lhe que não abandonasse o clube. E, claro, pela amizade e consideração por Luís Filipe Vieira.

Entre várias revelações, o treinador afirma que não há ninguém no mundo que perceba mais de futebol do que ele. Jesus surpreendeu-me, até quando falou das suas limitações linguísticas, e fiquei com uma ideia completamente diferente daquela que tinha antes de começarmos a entrevista. Um homem cordato, simpático e que se emociona com facilidade.

De facto, as aparências iludem muito.