Derrota da coligação atenuada por vantagem curta do PS

Passos Coelho e Paulo Portas surgiram lado a lado para assumir a “responsabilidade política” pela derrota da Aliança Portugal. E para garantir que a coligação de Governo vai até ao fim.

Derrota da coligação atenuada por vantagem curta do PS

Concluída a etapa das europeias, agora, como afirmou o primeiro-ministro: "Todas as possibilidades estão em aberto para as legislativas".

Afinal, a vitória do PS de António José Seguro – que ficou aquém do que se anunciava nos últimos dias, com apenas cerca de 4% de vantagem – funcionou como um bálsamo para o PSD e para o CDS, numa noite em que o desânimo marcava os rostos dos poucos que circulavam no espaço escolhido pela coligação para seguir os resultados das europeias e que esteve quase toda a noite deserto.

"Nem a derrota da Aliança Portugal foi tão grande quanto se prognosticava, nem a vitória do PS foi tão folgada quanto se anunciava", destacou o primeiro-ministro.

Se é verdade que juntos, os dois partidos ficaram abaixo da barreira psicológica dos 30% também é verdade que a vitória da candidatura de Francisco Assis gorou as expectativas dos socialistas.

"Para quem pedia uma maioria absoluta, queria fazer destas eleições uma espécie de primeira volta das legislativas e apresentou um programa de governo, não me parece que possa registar qualquer triunfalismo", avisou o vice-primeiro-ministro Paulo Portas.

"Mesmo nas melhores projecções, os resultados do PS não são uma vitória estrondosa e histórica", antecipava pouco antes o cabeça de lista Paulo Rangel.

Leituras para as legislativas seguem nos próximos dias

Tanto Passos como Portas agarraram-se aos elevados índices da abstenção para desvalorizar ainda mais a vitória do PS e, sobretudo, para fugir a transposições destes resultados para as legislativas de 2015. "Com apenas um terço dos votos não se pode falar em eleições antecipadas", sublinhou o líder do CDS. Já o líder do PSD destacou que "se há uma coisa que estes resultados mostram é que todas as possibilidades estão em aberto para as eleições legislativas".

E várias foram as figuras que recordaram até à exaustão os resultados das europeias em 2009, quando a coligação Força Portugal (PSD e CDS) chegou aos 40% contra os 26,5% do PS, sendo que José Sócrates conseguiu derrotar Manuela Ferreira Leite cinco meses depois nas legislativas.

O primeiro andar do hotel na zona da Expo serviu de quartel-general às direcções dos dois partidos, que por lá se resguardaram até pouco depois das 22h. E a sala esteve sempre vazia até ao momento em que Paulo Rangel e Nuno Melo desceram para reagir às projecções. As cadeiras não foram suficientes e várias figuras do Governo e das direcções dos dois partidos ocuparam as primeiras filas. Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, António Pires de Lima, ministro da Economia, Mota Soares, ministro da Segurança Social, Jorge Moreira da Silva, ministro do Ambiente, Assunção Cristas, ministra da Agricultura e do Mar, e os secretários de Estado Carlos Moedas e Adolfo Mesquita Nunes foram alguns deles.

Rapidamente voltou a ficar deserta até à altura em que Passos e Portas desceram, passavam 10 minutos das 22h, para falar ao país. Nesse momento a sala voltou a encher-se, ouviram-se palmas e gritos "Portugal, Portugal!"

Nos próximos dias, as direcções dos dois partidos vão analisar os resultados – o PSD reúne a sua Comissão Permanente já amanhã e o Conselho Nacional na quarta-feira.