Na sala de estar dos Rolling Stones

Dois dias antes do concerto da banda inglesa – que se espera vir a ser o dia mais concorrido desta edição do Rock in Rio Lisboa, com lotação esgotada há já duas semanas – o SOL foi conhecer o espaço que irá receber a banda.

É por detrás da gigantesca estrutura do palco mundo que fica a zona de camarins, uma espécie de mini aldeia de contentores brancos, que servem de casa aos artistas que actuam neste festival. Na zona superior, ficam os camarins dos cabeças de cartaz. E é aqui que os Rolling Stones terão a sua casa durante o dia 29, antes de subirem ao palco da Belavista, pelas 23h45.

A área é dividida por vários contentores, o maior dos quais serve de sala de estar para todos os convidados da banda. Aqui, na parte exterior, ficam algumas espreguiçadeiras que permitirão aproveitar o sol de Lisboa. E será também por aqui que deverá ficar a pista de atletismo que a banda exigiu (a organização ainda está a definir com a equipa dos Rolling Stones a localização exacta desta pista).

Um pouco mais à frente ficam quatro camarins separados, um para cada elemento da banda: Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood e Charlie Watts.

Cada camarim tem um nome e um tema, que não são exclusivos do Rock in Rio. Bem pelo contrário. Há muitos anos que, em todos os concertos da banda, estes são os nomes dos camarins. Assim, o espaço de Mick Jagger chama-se Workout e tem a ver com a sua relação com o desporto; o de Keith Richards chama-se Camp X-Ray e é uma homenagem que o músico presta à prisão de Guantanamo; já Ronnie Wood baptizou o seu camarim de Recovery Room por o entender como um espaço para descontrair e recuperar energias; por último, o camarim de Charlie Watts chama-se Cotton Club, nome que o cantor escolheu por ser um amante de jazz e o Cotton Club ter sido um espaço por onde passaram nomes históricos deste género musical. “Estas histórias por detrás do nome de cada camarim foram usadas para me ajudar a personalizar cada um dos espaços. Depois escolhi o Ikea como parceiro porque me permitia um budget controlado, mas com design, qualidade e modernidade”, conta Salomé Letras, elemento da organização responsável pela decoração desta zona. E Marta Carvalho, do Ikea, acrescenta: “A verdade é que qualquer pessoa vai poder replicar estas salas na sua própria casa e assim ter em casa um camarim dos Rolling Stones”.

Este processo começou em Março, altura em que Salomé Letras recebeu as listas de exigências dos músicos e concebeu o projecto. “Depois enviei o projecto em 3D para aprovação e, mediante o ok da banda, avançámos. No final, enviei fotos dos espaços já concluídos e eles aprovaram tudo”, explica Salomé Letras.

Além dos nomes (que serviram de inspiração) de cada camarim, à excepção e Mick Jagger que optou pelo branco, os outros três músicos pediram que o preto predominasse na decoração dos seus camarins. Mais exigiram que as luzes dos tectos nunca fossem ligadas e que apenas existisse luz ambiente e natural. “E todos exigiram uma love seat, uma espécie de poltrona ou sofá para dois, sendo que eu optei por um modelo ícone dos anos 50 que a Ikea reinterpretou”.

Apesar de todos estes requisitos terem sido cumpridos e aprovados, a equipa técnica dos Rolling Stones ainda irá intervir em cada um dos quatro contentores: é que Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood e Charlie Watts têm cortinas próprias para forrarem as paredes dos contentores, um trabalho que terá de ser feito durante o dia de amanhã. Exigências que os mais de 50 anos de vida em palco permitem.

Fotografias: José Sérgio/ SOL