Limitar projectos ‘é matar a Ciência’

“É matar a Ciência” que se faz em Portugal limitar a investigação “a áreas de interesse prioritário” ou a resultados com aplicação imediata, alertou esta tarde a cientista Maria Manuel Mota, que recebeu o Prémio Pessoa pelo seu trabalho no combate à malária. 

A investigadora de 43 anos defendeu, durante a cerimónia na Culturgest em Lisboa, que a generalização deste tipo de restrições na Ciência acabará por “asfixiar a criatividade” e “estrangular o génio” , lembrando que muitos avanços científicos foram e são resultado do acaso. 

A directora executiva do Instituto de Medicina Molecular criticou hoje também as modas em Ciência, que privilegiam determinadas áreas de investigação. “Quando me interessei pela malária, no meu doutoramento, ninguém lhe dava muito valor. Era considerada uma área marginal”, recordou Maria Manuel Mota, lembrando que hoje o controlo deste parasita é uma preocupação mundial.

E foi precisamente a sua investigação de 12 anos sobre a forma como o parasita se desenvolve, depois de infectar o homem, que lhe valeu o prémio de 60 mil euros. O prémio Pessoa, que é atribuído nas áreas das Artes, Cultura e Ciência é uma iniciativa conjunta do Expresso e da Caixa Geral de Depósitos.

joana.f.costa@sol.pt