Super Bock faz cerveja para muçulmanos

Nos próximos cinco anos a empresa quer quintuplicar as vendas na Arábia Saudita, para 10 milhões de litros. A expansão para os Emirados Árabes também faz parte do plano de internacionalização.

Depois de ter conquistado a Arábia Saudita, com a Super Bock sem álcool, a Unicer quer alargar a presença no Médio Oriente.

A cervejeira portuguesa iniciou as exportações para este mercado em Agosto do ano passado. E as expectativas não podiam ser mais optimistas. Além de esperar fechar 2014 com vendas acima de dois milhões de litros, «a ambição é chegar a 10 milhões dentro de três a cinco anos», adiantou ao SOL Rui Freire, administrador de marketing e comunicação do grupo.

«A Arábia Saudita é um mercado onde temos uma vantagem competitiva. É um país onde não se pode beber álcool, mas a cerveja sem álcool tem o mesmo fascínio. É sinónimo de convivialidade, da mesma forma que a cerveja regular é cá», acrescentou.

A cerveja sem álcool clássica vale 25% do total desse mercado – representa 200 milhões de litros. E uma das características dos consumidores árabes é a forte apetência por sabores doces. Neste campo, a Super Bock Sem Álcool 0,0% com sabor a romã é a estrela da empresa.

O segmento das bebidas com sabor a morango vale 15% do mercado da Arábia Saudita e a Unicer desenvolveu um produto específico para este país, com sabor a morango e tâmara, a ser lançado para Julho. Irá ser acrescentado ao portfólio da Super Bock sem álcool 0,0% romã, maçã, limão e regular.

Além da Arábia Saudita, que foi definida como projecto piloto, há planos a médio prazo para expandir a presença a outros países do Médio Oriente. «Há alargamentos óbvios, como os Emirados Árabes Unidos».

O objectivo do grupo do norte é duplicar o valor da facturação de 500 milhões de euros para mil milhões nos próximos dez anos. E o reforço da internacionalização é um dos passos para atingir este objectivo.

Para tal, o grupo estabeleceu seis pontos estratégicos. Além do Médio Oriente, «o mercado interno e Angola, que continuam a ser os principais motores de crescimento, fazem naturalmente parte da estratégia».

O Brasil, onde a empresa começou a produzir localmente no final do ano, é outro foco. «Queremos encontrar o nosso espaço neste mercado e vender 10 ou 12 milhões de litros dentro de três a cinco anos», detalhou o administrador.

A Unicer também quer reforçar a presença no Reino Unido, através de novas parcerias locais, bem como no resto da Europa. A aposta passa por «sair do mercado étnico que hoje representa a maior parte das nossas vendas – temos uma quota de 60% nas cervejas portuguesas. Temos um plano de expansão para tornar a marca Super Bock relevante para o consumidor local, no qual o turismo tem um papel de destaque. O facto de Portugal estar a ser um destino importante para os europeus ajuda-nos a fazer a ponte».

Moçambique, a par de todo o continente africano, também está nos planos. E a Unicer não exclui a hipótese de avançar com produção local no país. «Queremos ganhar uma escala suficiente que nos faça pensar em investir industrialmente neste mercado», adiantou Rui Freire, sublinhando que, para já, o plano é de exportação.

Para conseguir duplicar as exportações, a Unicer vai investir 170 milhões de euros em Leça do Balio, sede do grupo. Além da optimização da unidade de produção, que aumentou a capacidade para 450 milhões de litros, está a ser construído um armazém logístico automatizado, com tecnologia da Efacec.