Violência sem castigo

Todas as semanas as notícias repetem-se. Um grupo de delinquentes  apanhado em flagrante delito a assaltar pessoas ou estabelecimentos, com recurso à violência, foi libertado e fica a aguardar julgamento em liberdade. 

O mesmo se passa com crimes de violência doméstica; idem aspas para quem obriga menores à mendicidade e até à escravatura, de uma forma encapotada, é certo; ou para quem comete carjacking.

Se lermos com atenção as páginas do Correio da Manhã, não faltam exemplos do que acabei de descrever – também é certo que muitos dos crimes relatados têm meses e recebem nova chamada de página só porque o julgamento vai começar. Independentemente disso, é um facto que há organizações criminosas que conseguem não ser condenadas, apesar de, supostamente, terem cometido um número considerável de atropelos à legalidade.

Ainda esta semana uma história sobressaía no meio de tantas outras. Jonathan William, de 21 anos, já tinha sido condenado seis vezes num ano e continuava em liberdade, apesar de provocar o pânico na zona de Águeda. Afinal, pendem sobre ele 70 processos! Agora fica a aguardar julgamento em prisão domiciliária.

Segundo o CM, o jovem terá vindo para Portugal para fugir ao rumo que seguia no Brasil, já que com 15 anos foi ‘apanhado’ num assalto à mão armada.

Nas principais cidades do país existem gangues que assaltam pessoas agredindo-as violentamente, há grupos que se dedicam a roubar os turistas e ficam tranquilos porque sabem que podem ser apanhados dezenas de vezes que nada lhes acontece. O problema é que, quanto mais não seja, o país precisa, como de pão para a boca, das verbas deixadas pelos turistas – uma das áreas que mais tem dado emprego em Portugal. Se os delinquentes sentirem que o país é uma zona livre para fazerem o que muito bem entenderem, então podemos estar a dar um tiro no pé no que ao turismo diz respeito.

É possível que isso diga pouco a quem julga estes casos. Ou então temos a pior Polícia do mundo, que não sabe fundamentar as suas acusações. Ou são os polícias ou são os juízes, certo é que alguém anda a ver o filme errado. Esperemos que mudem de oftalmologista.

vitor.rainho@sol.pt