‘Rapaz’ de 13 anos passa o teste de Turing pela primeira vez

Quando um computador conseguir responder como um ser humano, a máquina já pode ser equiparada a um ser humano.

As palavras não foram exactamente estas, mas a ideia sim: quando a formulou pela primeira vez, o matemático britânico Alan Turing, que se tornou célebre por fazer parte de uma equipa que quebrou os códigos nazis Enigma, tornando possível uma reviravolta na guerra – e até a possibilidade de um Dia D –, pensou que a aposta seria morosa, mas possível.

Pois 64 anos depois do desafio de Turing – que tinha previsto que o teste seria superado dali a 50 anos –, dois programadores conseguiram criar um menino virtual de 13 anos a que chamaram Eugene Goostman e passar o teste. Os informáticos, Vladimir Veselov – um russo a viver nos EUA – e Evgeni Demchenko, um ucraniano residente na Rússia, estavam obviamente radiantes, até porque o feito foi alcançado um dia depois de se terem assinalado os 60 anos sobre a morte de Turing, 7 de Junho.

Mas em que consiste o teste? A prova foi concebida para determinar se um computador é ou não ‘inteligente’. Turing imaginou-o como um jogo, em que de um lado está um juiz humano que, através de um computador, entra em chat com um conjunto de interlocutores que não conhece. Todos eles são humanos, à excepção de um, que é um programa informático capaz de entrar em diálogo com o juiz. Este terá de perceber, de todo o conjunto, qual é a máquina.

Pois até hoje nenhum dos juízes – já são usados vários – se tinha deixado enganar pelas respostas da criatura não-humana. Até domingo, para sermos mais exactos, quando ‘Eugene Goostman’ conseguiu ludibriar 33% dos juízes, que o tomaram como um ser humano.

Uma das perguntas, reproduz o jornal britânico The Guardian, era sobre a música que os interlocutores ouviam. A resposta de ‘Goostman’ foi “oiço Eminem, porque ele não tem nada a ver com o politicamente correcto’.    

ricardo.nabais@sol.pt