Hepatite C: Quem espera, desespera

A SOS hepatites alerta: a espera pela aprovação dos novos fármacos contra a hepatite C está a pôr em risco cada vez mais pacientes que padecem da doença. 

O alerta foi deixado hoje e junta-se a preocupações de médicos da especialidade. Um dos medicamentos, o Sofosbuvir, tem uma eficácia superior a 90% no combate à doença e foi aprovado pela Autoridade Europeia do Medicamento (EMA) em Janeiro. O fármaco deu entrada no INFARMED a 22 desse mês, tendo a entidade portuguesa 90 dias para a apreciação e aprovação. Mas, disse à Lusa Emília Rodrigues, responsável pela associação, esse prazo já passou e os doentes continuam à espera. E essa espera degenera em cirrose e, mais tarde, pode evoluir para um cancro do fígado.

Um dos grandes entraves à entrada do Sofosbuvir no mercado é o preço, de 48 mil euros por um tratamento que dura três meses. Daí que responsáveis da saúde europeus e norte-americanos estejam a pressionar a empresa farmacêutica responsável pelo seu desenvolvimento a baixar o preço do fármaco. Entre eles, está também o governo português.

Mas o problema é maior se os tratamentos não forem feitos, têm alertado os médicos da especialidade. Após o Sofosbuvir, outras substâncias foram testadas com um grau de sucesso ímpar, com 96% de eficácia e a cura de uma doença que tinha tratamento, mas que implicava fortes efeitos secundários nos pacientes – cansaço extremo, náuseas, depressões. E esta nova geração de medicamentos não os provoca nos pacientes. Em Dezembro, Rui Tato Marinho, do Hospital de Santa Maria, dizia, em entrevista ao Sol, que se tratava de uma “revolução” na terapêutica da hepatite C, tendo testado outras novas substâncias em pacientes que ficaram curados em três meses.