Plataforma para desempregados da Cáritas ficou aquém do esperado

A plataforma da Cáritas para arranjar trabalho para desempregados com mais de 45 anos “ficou aquém” do esperado, devido à pouca adesão das empresas e à forte procura das pessoas, disse à Lusa a coordenadora do projecto.

Plataforma para desempregados da Cáritas ficou aquém do esperado

A plataforma "In Spira – Rede de competência Cáritas" é uma rede social que foi criada há seis meses para facilitar a partilha de informação e a comunicação entre empresas e desempregados com mais de 45 anos.

Fazendo um balanço dos seis meses da plataforma, a coordenadora do projecto, Maria do Rosário Carneiro, disse que houve "uma enorme adesão por parte das pessoas que procuram trabalho" nos primeiros três meses, mas que agora abrandou.

Como explicação para este abrandamento, Maria do Rosário Carneiro aponta "a adesão não tão representativa por parte das empresas que oferecem postos de trabalho".

Actualmente, estão inscritas na rede 2.273 pessoas, "das mais variadas idades, formações, perfis profissionais e experiências", e 34 empresas.

Até ao momento foram concretizados quatro postos de trabalho, mas podem ter sido mais, uma vez que as empresas não informam a Cáritas quando contratam alguém, explicou a responsável.

Maria do Rosário Carneiro atribui a fraca adesão das empresas a "uma multiplicidade de factores", entre os quais o desconhecimento da plataforma e "uma menor predisposição para contratar pessoas mais velhas". 

Para ultrapassar esta resistência das empresas em contratar pessoas mais velhas, a Cáritas tem feito várias intervenções para "clarificação do perfil de um trabalhador com mais de 45 anos". 

Para isso, "socorremo-nos de uma já muito ampla bibliografia que existe nesta matéria no plano internacional, nomeadamente na Austrália, que foi pioneira na percepção da necessidade que há para o desenvolvimento dos países (…) de contratar estes trabalhadores mais velhos".

Para Rosário Carneiro, é preciso que a sociedade entenda que a "perspectiva muito antiga" que havia de que as pessoas como mais de 45 anos são "uma população menos alfabetizada, menos versátil, menos flexível, menos adaptável a novos postos de trabalho a e novos desafios" já não existe "há umas largas dezenas de anos".

Por outro lado, "é também não reconhecer a drástica redução demográfica na composição da população em geral, e concretamente da portuguesa".

Também a composição das famílias se alterou do ponto de vista etário: "Hoje quando falamos de uma família de 40 anos estamos a falar de casais que não se constituíram há muito tempo, que têm filhos adolescentes ou crianças muito pequenas".

Muitos dos desempregados com mais de 45 anos têm filhos menores a cargo, sustentou, considerando que "é uma situação de uma dramaticidade terrível".

"A sociedade não pode dispensar estas pessoas. Estas pessoas não são dispensáveis, são fundamentais para o desenvolvimento da sociedade", defendeu.

Nos contactos que a plataforma tem feito com empresas, estas têm-se mostrado sensibilizadas para o problema. Contudo, "é necessário que esta sensibilização se transforme em acção", disse, considerando que a recuperação económica do país dó poder ser feita com a ajuda destas pessoas.

Os desempregados e as empresas podem inscrever-se na plataforma, disponível no endereço www.redeinspira.com.

Lusa/SOL