O futebol ‘atiça’ os bipolares

Com o passar do tempo, é natural que olhemos para trás e tentemos perceber o que fizemos menos bem ou que poderíamos ter feito melhor. É um clássico da vida e, mesmo que não seja para alterarmos o comportamento em situações futuras idênticas, faz parte dos trabalhos de casa: revisão da matéria dada. 

O futebol, a nível de selecções costuma – não esquecer que Portugal só marca presença regular em finais de europeus e mundiais de há poucos anos a esta parte – estimular os sentimentos lusos, que oscilam mais do que as contas portuguesas. É difícil perceber o que leva um povo, ano após ano, a cometer os mesmos excessos.

Se a Selecção faz um bom jogo, mesmo que particular, somos automaticamente os melhores do mundo, até porque a estrela maior é nossa. Ninguém nos vai parar e este será o nosso ano, titulam os desportivos e não só. E foi assim que, depois do último jogo de preparação para o Mundial do Brasil, frente à Irlanda e que ganhámos por 5-1, se entrou numa onda de histerismo colectivo: somos os melhores do mundo e vamos ganhar o Mundial!

Mal o ‘nosso’ campeonato começou e entrámos em acção, uma derrota humilhante frente à Alemanha, por 4-0, levou-nos para o canto oposto das probabilidades e de estatuto. De melhores passámos a piores e a uma vergonha completa. Malandros e pés de chumbo foram só dois dos muitos nomes que os outrora craques nacionais ganharam.

O penteado de Cristinao Ronaldo deixou de ser uma imagem de marca para passar a ser o símbolo do desinteresse do craque, mais preocupado com a sua imagem do que em jogar. Isto por causa de uma tarde em que tudo correu mal…

Não gosto de entrar em euforias, como também não sou chegado a depressões. Portugal tinha e tem uma bela equipa. Não é a melhor do mundo, mas está no pelotão da frente, e Cristiano Ronaldo ainda é o jogador que mais marca a diferença, juntamente com Lionel Messi.

Se no domingo ganharmos aos EUA, aqueles que ‘destilaram’ veneno e ódio nos fóruns das rádios e televisões, serão os primeiros a dizer que Portugal só pode ganhar o Mundial. Se perdermos ou empatarmos, é porque «não jogamos nada…». 

vitor.rainho@sol.pt