Santos Populares

Os Santos Populares são uma verdadeira dor de cabeça para muitos bares e discotecas. São milhares e milhares de pessoas que saem à rua, onde acabam por jantar, beber e dançar, sem terem qualquer interesse em ir dar uma volta até aos seus locais do costume. 

Nos Santos, como é sabido, encontra-se todo o tipo de pessoas, o que acaba por transformar a festa numa manifestação democrática, em que ricos e pobres, feios e bonitos, gordos e magros, todos se cruzam sem grandes ‘problemas’, se exceptuarmos aqueles que revelam problemas de equilíbrio, talvez devido ao elevado números de imperiais ou de penáltis…

Nos últimos anos, a festa tem-se alargado a vários bairros de Lisboa, com a Bica a ser um dos pontos mais concorridos pela rapaziada que frequenta as discotecas da moda. Já se sabe que a ‘misturada’ tem limites e há quem não prescinda de estar rodeado daqueles que vê todos os dias do ano.

E foi numa dessas noites que ouvi um amigo, com algum sentido de humor, explicar as razões por que não acha grande graça aos Santos: «Imaginas quantas toneladas de sardinhas estão a ser vendidas nestas noites sem que se cobre um cêntimo de impostos? Dá para imaginares a qualidade das bebidas servidas? Nós aqui somos frequentemente fiscalizados sobre a qualidade das bebidas e quanto aos impostos nem vale a pena falar… Alguém que faz negócio nesta época tem os problemas que nós temos?».

Esse meu amigo, apesar da boa disposição, falava também das exigências da ASAE em relação aos espaços de diversão nocturna, incluindo as rulotes, e que se essas exigências se aplicassem aos arraiais acabavam os Santos Populares. Numa noite de calor intenso deu para prolongar a brincadeira.

Disse-lhe então: «Mas olha que aqui não tens nem um centésimo de carteiristas que estão nos Santos e, além disso, agora já se sabe que a tua casa não tem bebidas ‘marteladas’, que é uma fama que vem de longe, mas que se desfaz com essas ‘rusgas’ dos inspectores do álcool».

Decidimos não ir para os Santos até porque já era tarde e teríamos alguma dificuldade em estacionar o carro. «Fica para a próxima», disse-me, enquanto  se ria ao ver chegar alguns fãs dos Santos. 

vitor.rainho@sol.pt