Preservar um espaço pessoal

Não é de boa educação respeitar um espaço pessoal mínimo para as outras pessoas, evitando pormo-nos em cima uns dos outros? Laura Nascimento

Eu acho que sim. Pessoalmente, sinto-me constrangida quando entram no meu raio mínimo de existência. Chego a pensar se terei falta de caridade, em relação a pessoas habituadas a viverem em espaços pequenos, e que se sentem bem na posição oposta.

Vi um autor falar no espaço mínimo do ‘mau hálito’, como zona de intimidade alheia a respeitar. «Largueza», dizia uma empregada minha. E fico assombrada quando, em zonas com imensos espaços livres, alguém sente necessidade de se colar ao meu lado, mesmo numa igreja. Para já não falar no cinema, onde ainda por cima  corremos  o  risco  suplementar de ouvir ruminanços de pipocas.

Há países, como os anglo-saxónicos, em que até os cumprimentos se fazem de longe. Na Austrália, diz-se que só os turistas se lembram de se aproximar de outras pessoas para lhes falar.

Já nos países mediterrânicos, há este mau costume de se soprarem as palavras para cima da nossa cara.
Não quero parecer snob, mas tenho visto que as necessidades pessoais de espaço dependem também da educação e do nível sociocultural das pessoas.

Até era capaz de recomendar um truque à leitora, que já tenho usado:  fingir  uma  tosse cavernosa, ou uma constipação  dramática cheia de perdigotos  espalhados.

Com estes métodos, já me aconteceu ver-me aliviadamente sozinha num pequeno elevador, em que o resto das pessoas se apinhava aterrada no canto oposto da cabina.