Soares dos Santos admite transferência da Jerónimo Martins para Genebra

Alexandre Soares dos Santos, ex-presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins, admitiu quarta-feira à noite, em Coimbra, a transferência da sede da empresa para Genebra por falta de resposta da banca portuguesa.

Soares dos Santos admite transferência da Jerónimo Martins para Genebra

"A Jerónimo Martins, dentro de um ou dois anos, deve estar em Genebra. É lá que estão os mercados e a banca cá não dá a resposta" necessária, sublinhou Alexandre Soares dos Santos. 

Além de "não existir banca" em Portugal, o empresário criticou a actual política fiscal.

O antigo presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins afirmou que "os empresários devem exigir que o Estado devolva aquilo que cobra [em impostos] e que não está a utilizar", concluindo que o Estado "não assume as suas responsabilidade sociais".

"A iniciativa privada não pode estar calada e tem de defender os seus méritos", sublinhou, referindo que "quem deu cabo do país foram as empresas públicas e o Estado", apontando para o exemplo de "swaps mal feitas" e dos Estaleiros de Viana do Castelo, "que tinham cinco membros no conselho de administração e nenhum engenheiro".

Ainda em torno da crise, Alexandre Soares dos Santos criticou "a destruição da classe média", considerando que sem esta "o país não avança".

"Será que a dívida era assim tão importante para se impor o desemprego e para se impor o fim de empresas", questionou, apelando a uma maior intervenção por parte das elites nacionais.

As elites "têm uma responsabilidade acrescida para a mudança social e política", sublinhou, referindo que "há um défice de elites" em Portugal e que as que existem não assumem a sua responsabilidade "e não têm consciência da sua missão".

O antigo presidente da Jerónimo Martins falava no ciclo de conferências "Há Luz ao Fundo do Túnel?", organizado pela Ordem dos Economistas em parceria com o Clube MBA da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

Lusa/SOL