A presidente do júri, Maria de Belém Roseira, destacou que os projectos “distinguidos com o primeiro prémio e menções honrosas são claramente inovadores” e “têm como primeira preocupação acudir às pessoas que se encontram numa situação desesperada”.
Quanto ao vencedor, Cozinha com Alma, a deputada socialista salientou a “preocupação em salvaguardar a dignidade das pessoas beneficiadas, poupando-as à exibição da situação de pobreza” como a sua característica mais marcante. Para garantir a privacidade das famílias que recorrem a este projecto, todos os clientes têm direito a um cartão igual – os que pagam integralmente a refeição, e os que pagam apenas um valor simbólico – nenhum dos clientes sabendo a situação do outro.
O Cozinha com Alma fornece comida de qualidade a famílias da classe média e média baixa em dificuldades financeiras. O takeaway está aberto ao público em geral, sendo que o lucro das refeições reverte a 100% para uma bolsa social à qual podem depois recorrer os agregados familiares mais carenciados.
O ministro da Solidariedade Social, Pedro Mota Soares, referiu a “visão, inclusão, e inovação” que estas iniciativas representam para a sociedade portuguesa.
Sucederam-se os discursos de Leonardo Santarelli, director-geral da MSD (Merk Sharp and Dohme), a empresa farmacêutica que instituiu o prémio, de Jaime Nogueira Pinto, representante da família de Maria José Nogueira Pinto, do Presidente Associação de Defesa do Património de Mértola – que ganhou o galardão no ano anterior -, e, por último, da Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Maria da Glória Garcia, oradora convidada.
A entrega de prémios terminou com a intervenção de Cristina de Botton, uma das fundadoras da Cozinha com Alma, que afirmou “a importância do reconhecimento do empenho e da dedicação de todos os colaboradores”. Referiu o surgimento de uma “nova pobreza envergonhada” que cada vez “mais se torna próxima de todos nós”. É considerou que é neste capítulo que a Cozinha com Alma aparece como um “balão de oxigénio para as famílias se reorganizarem” libertando-as de umas das preocupações básicas, a alimentação.
Em 2013 o Cozinha com Alma confeccionou mais de 86 mil refeições, das quais 45 mil foram vendidas ao público em geral – o que possibilitou crescimento do projecto e permitiu aumentar rapidamente o número de famílias apoiadas. De 2012 para 2013 as quantidades produzidas aumentaram cerca de 145%. É com o objectivo de continuar e, se possível, aumentar a capacidade de resposta, que o galardão – no valor de 10 mil euros – vai ser “utilizado na construção de uma nova cozinha”.
barbara.silva@sol.pt
