Reabilitação urbana e turismo – um casamento conveniente

Apraz-me registar que o secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, tenha relacionado a Reabilitação Urbana com o crescimento do Turismo, actividade tão importante para nós quando representa 9% do Produto Interno Bruto (PIB), e que tem vindo a crescer quase exponencialmente.

Num contexto que desconheço, pois não assisti à conferência sobre Turismo Industrial realizada há dias no Barreiro, e onde Adolfo Mesquita Nunes fez a tal afirmação, não posso estar mais de acordo com a tese da Reabilitação Urbana como um dos pilares do Turismo, tese que, não sendo nova, nem sempre tem sido reconhecida como tal.

A verdade é que só essa conciliação, esse respeito pela memória que reside na Reabilitação Urbana, mais ou menos bem conseguida, explica a contínua atracção que La Bodeguita del Medio exerce sobre quem visita La Habana, a capital de Cuba; o Café Sport, o célebre Bar do Peter, na cidade da Horta, ilha do Faial, Arquipélago dos Açores.

Pela diferente natureza das economias não há – ao contrário do Bar do Peter que já tem réplicas em Lisboa e no Porto –, réplicas da La Bodeguita del Medio, mas esta, seja pelos seus famosos mojitos, seja por ter sido um dos bares preferidos do grande escritor norte-americano e Nobel da Literatura em 1954, Ernest Hemingway, é um dos pilares do turismo cubano e este da economia do país.

O turismo português está a crescer acima da média mundial, revelou o secretário de Estado, lembrando a propósito que, sem o Turismo, Portugal teria demorado muito mais tempo a sair da recessão técnica em que se encontrava. Afinal, em 2013 recebemos mais de 14 milhões de visitantes, que deixaram por cá 9 mil milhões de euros. Uma subida acima da média mundial, da média da Europa e da média da Europa Mediterrânea, que será a nossa principal concorrente.

A estratégia do Governo para a promoção turística, segundo Adolfo Mesquita Nunes, dá mais ênfase à comunicação do que à organização de eventos, privilegiando-o online como o provam as campanhas institucionais, onde os convites a bloggers para que visitem Portugal passaram a estar em pé de igualdade com os convites a jornalistas e operadores turísticos.

Paralelamente – e é esta vertente que mais quero realçar – a promoção do Turismo de Portugal vai apanhar a boleia da Reabilitação Urbana, um desafio que o presente quadro de apoios comunitários elege, tendo em vista a promoção da cultura que vive permanentemente agarrada às cidades com história e alma, desde que convenientemente preservadas.

O Turismo é uma das actividades económicas de futuro e tem vindo a crescer de forma vertiginosa neste século, com mais gente a viajar e a visitar países estrangeiros e com um ainda maior aumento do dinheiro que circula, o que contribui decisivamente para a economia desses destinos turísticos eleitos.

Acresce que as previsões são de crescimento e este é um sector que reage rapidamente às crises. Associá-lo à Reabilitação Urbana é realmente inteligente e confirma uma das linhas de força que tem estado na base da promoção internacional do nosso imobiliário, como refúgio seguro para muitos investimentos estrangeiros.

*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente