Ministro da Saúde não quer que greve se repita

O ministro da Saúde disse hoje que não pretende que a greve dos médicos se repita, sublinhando os efeitos adversos da paralisação nos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Ministro da Saúde não quer que greve se repita

"Acho que a greve tem efeitos que não são benéficos. A greve não pode ser feita de ânimo leve", disse Paulo Macedo aos jornalistas, à margem de um acordo assinado hoje com a Associação Nacional de Farmácias (ANF).

Ainda sobre a greve dos médicos, que cumpre hoje o segundo dia, Paulo Macedo disse que "o Ministério não a minimiza, não pretende que se repita, porque quem foi prejudicado foram os utentes do SNS. As pessoas que foram ao privado e ao social foram todas atendidas e todas servidas".

"Não podemos fazer uma greve dizendo que se defende um SNS (…)  e prejudicando os utentes do SNS", declarou o ministro.

Para que a greve não se repita, Paulo Macedo diz que pretende "continuar a trabalhar com os sindicatos, resolvendo problemas concretos", dando como exemplos os recentes concursos abertos para especialidades médicas, como o caso do concurso para intensivistas, o primeiro aberto em Portugal.

Repetindo que não minimiza os efeitos da greve, o governante considerou, contudo, excessivo falar em números de adesão entre os 70 e os 90%.

"Aritmeticamente são impossíveis, porque não há greve no sector privado nem social, onde estão cerca de 40% dos médicos. As percentagens [de adesão] têm de ser, no sector público, na ordem das que aconteceram no passado à volta dos 27 ou 30%", afirmou Paulo Macedo aos jornalistas.

Num comunicado distribuído às redacções na terça-feira, o Ministério da Saúde escusou-se a dar informação sobre a adesão à greve, lembrando: "os únicos dados rigorosos sobre a participação na paralisação são os que resultam do processamento salarial deste mês, pelo que se revela necessário aguardar alguns dias pelo apuramento a realizar por todos os serviços, hospitalares e outros".

A publicação do código de conduta ética, a que os médicos chamam "lei da rolha", a reforma hospitalar, o encerramento e desmantelamento de serviços, a falta de profissionais e de materiais e a atribuição de competências aos médico, para as quais não estão habilitados são os principais motivos na base da convocação desta greve.

O protesto, que começou às 00h00 de terça-feira decorre até às 24h00 de hoje, foi convocado pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e conta com o apoio da Ordem, de várias associações do sector e também de pensionistas e doentes.

Lusa/SOL