Mesmo desinspirados, Black Keys conquistam Alive

Depois de um primeiro dia esgotado – 55 mil pessoas deslocaram-se ao Nos Alive para ver os Arctic Monkeys -, ontem voltou a conseguir-se circular tranquilamente no Passeio Marítimo de Algés, com a única fila de espera considerável a acontecer junto à rulote de farturas no final do concerto dos Black Keys. O duo norte-americano…

A actuar pela segunda vez em Portugal, esta não foi, porém, uma noite inspirada para Dan Auerbach e Patrick Carney. E quem os viu no Pavilhão Atlântico (agora Meo Arena), em Lisboa, em Novembro de 2012, pode comprovar isso mesmo. Se há quase dois anos, a banda deu um concerto incendiário, com um ritmo constante e, acima de tudo, aceleradíssimo, o que a plateia do Alive assistiu foi a uma banda cansada, a apostar no seguro, despejando tema a seguir a tema sem a entrega que lhe vimos em 2012, com as inúmeras pausas entre canções, para Auerbach trocar de guitarra, a prejudicarem esta passagem por Lisboa. Uma pena, especialmente quando se trata de uma banda tão talentosa como os Black Keys. 

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O que também não ajudou foi o alinhamento irregular, com as canções do novo “Turn Blue” a surgirem só a meio do espectáculo, entre os hits de “El Camino” (2011) e “Brothers” (2010), provocando um pára-arranca desconfortável para quem queria celebrar com hinos como ‘Howlin’ For You’, ‘Tighten You’ ou ‘Gold on the Ceiling’. A única verdadeira explosão da noite aconteceu quando se ouviram os primeiros acordes de ‘Lonely Boy’, a última música antes do encore. Mãos atiradas para o ar, gritos estridentes e danças frenéticas comprovaram a euforia que o tema provoca nas pessoas, num ambiente que fez lembrar o concerto dos Kings of Leon, no ano passado, quando a banda fechou o concerto com ‘Sex on Fire’ e ‘Someone Like You’. Mais uma vez, uma pena, porque mesmo desinspirados, a obra dos Black Keys é muito mais interessante do que o projecto dos manos Followill e merece ser celebrada canção-a-canção. 

A seguir ao duo norte-americano, o palco principal do Alive foi ocupado pelos Buraka Som Sistema e a festa ficou garantida. Com o volume um pouco mais baixo do que é habitual nos concertos da banda, já não há muito a dizer sobre os BSS: são um projecto vencedor, que sabem como ninguém contagiar a plateia com os seus ritmos de dança oriundos tanto de Luanda, como de Londres, Lisboa ou Caracas. 

Nota positiva ainda para os portugueses D’Alva, que tocou no Palco Nos Clubbing com o Gospel Collective, a mostrar mais uma vez que a pop é para ser celebrada sem vergonhas, e para a estreia de Sam Smith em Portugal, o jovem britânico apontado como a maior revelação deste ano no Reino Unido.

Hoje a festa prossegue com os Libertines no palco principal, e com o cardápio indie mais interessante dos três dias no palco Heineken, encabeçado por Daughter, Chet Faker, Nicolas Jaar, The War on Drugs e Cass McCombs. 

alexandra.ho@sol.pt