Relações económicas entre China e Angola favorecem tráfico de marfim

As relações económicas entre a China e Angola estão impedir o combate ao tráfico ilegal de marfim, considera um investigador norte-americano, acusando as autoridades angolanas de nada fazerem porque querem “atrair os consumidores, que são 95% chineses”.

"Bastava livrarem-se dos intermediários e dos 'barões criminosos' que são os comerciantes que conhecem os contactos na Ásia e em África e seria muito fácil fechar estes mercados porque a legislação existe e no entanto o comércio é público porque eles querem atrair os consumidores, que são 95% chineses", disse o investigador norte-americano, em declarações citadas pela agência de informação Bloomberg.

A China é o maior comprador de petróleo a Angola, um país largamente dependente da produção petrolífera para sustentar o crescimento económico, e é responsável por cerca de 15% das compras de petróleo da China, sendo que existem mais de 250 mil chineses a trabalhar no país, principalmente nas grandes construções que os chineses levam a cabo em Angola.

O mercado de Benfica, nos arredores de Luanda, é o segundo maior mercado para o comércio ilegal de marfim, a seguir ao mercado de Lekki, em Lagos, na Nigéria, sendo que os dois países vizinhos têm, no total, menos de 3 mil elefantes.

De acordo com este investigador norte-americano especializado neste tipo de comércio e que está radicado no Quénia desde os anos 60, os comerciantes angolanos compram o marfim a 150 a 200 dólares por quilo, enquanto o preço em Pequim ultrapassa os 2 mil dólares por quilo.

"Temos algumas divergências internas sobre quem deve ser responsável por monitorizar e avaliar este tipo de comércio ilegal", argumentou o chefe do departamento de biodiversidade e conservação no Ministério do Ambiente angolano, Soke Kudikuenda, que acrescentou que já enviou documentação para o Conselho de Ministros "para determinar se este tema deve estar sob a alçada deste ministério ou sob a alçada do Ministério da Agricultura".

Lusa/SOL