SEF desmantela rede de tráfico de mulheres africanas

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) desmantelou hoje uma rede de tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal, que fazia entrar em Portugal mulheres estrangeiras que eram depois encaminhadas para outros países europeus e aí obrigadas a prostituir-se.

Ao todo, os inspectores do SEF fizeram sete detenções em Lisboa, Odivelas e no Laranjeiro (em Almada), sete buscas domiciliárias, uma busca num escritório de advogados e seis buscas em viaturas. Foram apreendidos vários telemóveis e documentação que comprovou transferências internacionais de elevadas quantias monetárias. Num dos domicílios alvo de busca foi ainda detido um cidadão estrangeiro que se encontrava na morada e se identificou com um passaporte falso.

Os membros da organização criminosa aliciavam mulheres africanas, algumas menores de idade, no país de origem, e encaminhavam-nas para Portugal, munidas de passaportes falsos. As vítimas tinham instruções claras: uma vez interceptadas na fronteira, pediam asilo político, altura em que intervinha um advogado conhecedor da situação e por isso cúmplice da rede, que tratava de formalizar o pedido de asilo.

Após algum tempo no centro de instalação temporária do aeroporto de Lisboa, as mulheres conseguiam autorização para entrar em Portugal, sendo encaminhadas para o centro de acolhimento do Conselho Português para os Refugiados. Nessa altura, eram contactadas pelos membros da rede que se encontravam em Portugal e as encaminhavam para diferentes destinos dentro da Europa, onde passavam a ser obrigadas a prostituir-se, No momento em que as vítimas deixavam Portugal, a organização voltava a facultar-lhes documentação falsa, dando-lhes novas identidades, de modo a que circulassem livremente na Europa.

Nos países de destino, as vítimas ficavam sob as ordens de mulheres mais velhas e da mesma nacionalidade – as chamadas «madames» ou «mamas» – que as controlavam e exploravam, retirando-lhes todo o dinheiro que ganhavam. No momento em que as vítimas saíam de Portugal para o país de destino, a organização voltava a facultar-lhes documentação falsa, dando-lhes novas identidades, de modo a que circulassem livremente na Europa.

Algumas mulheres foram exploradas ainda em Portugal, durante o tempo em que aqui permaneciam aguardando o momento em que seriam encaminhadas para outro país.

Os arguidos mantiveram sempre um comportamento discreto, de modo a não chamarem a atenção das autoridades, e alguns deles também eram requerentes de asilo, sendo outros cidadãos residentes legais em território nacional. 

A operação do SEF, que contou com 52 inspectores, decorreu no âmbito de um inquérito-crime em curso há mais de um ano, sob orientação do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa. Por se tratar de um crime de repercussões em vários países europeus, nalguns dos quais estão igualmente em curso investigações sobre o mesmo fenómeno, o SEF contou com o apoio de dois analistas de informação da Europol.

sonia.graca@sol.pt