Pontapear Scolari

Após o rotundo fracasso da Selecção brasileira no Mundial, alguns comentadores – cá e lá – falaram da necessidade de reestruturar de alto a baixo o futebol brasileiro e os métodos de treino. E até deram o exemplo do futebol alemão, que há uns anos revolucionou as suas estruturas.

Ora, a ideia não faz sentido, pois os jogadores da Selecção brasileira não jogam no Brasil nem treinam às ordens de técnicos brasileiros. Quase todos jogam em grandes clubes da Europa, sob as ordens dos maiores treinadores do mundo.

Portanto, o problema não está aí. O problema esteve mesmo na equipa técnica da Selecção, que ou não soube escolher os melhores ou não teve capacidade para organizar a equipa dentro de campo.
Não sou dos que se comprazem a denegrir Scolari dizendo coisas como “o verdadeiro Scolari é este, não foi o que ganhou um Mundial ou alcançou os melhores resultados que a Selecção portuguesa obteve”.

Nos seres humanos toda a vida conta. Não podemos dizer “isto é que vale, aquilo não interessa”. O currículo é um todo, não é só uma parte. 

Quando um homem está no chão, é fácil dar-lhe pontapés. Mas também é uma manifestação de cobardia. 
O seu a seu dono. Não é sério tirar a Scolari os feitos que alcançou – como não é correcto deixar de o responsabilizar pelo tremendo flop desta Selecção que ele liderou.

jas@sol.pt