Central a carvão de Sines entre as 30 mais poluentes

As emissões de dióxido de carbono das centrais a carvão na União Europeia estão a destruir os esforços da política climática, revela o relatório Europe’sDirty30, divulgado hoje por várias organizações internacionais: a Rede Europeia de Acção Climática (CAN Europa), WWF, European Environmental Bureau (EEB), Health and Environment Alliance (HEAL) e Aliança Climática Alemã.  

O relatório Europe’sDirty30 expõe o top 30 das centrais termoeléctricas na UE com base nas suas emissões de CO2, com a Alemanha e o Reino Unido nos primeiros lugares, com 9 centrais a carvão cada, entre as mais poluentes. Neste ranking, Portugal ocupa, com a Central Termoeléctrica de Sines, o 27º lugar.
 
Segundo o Europe’sDirty30, muitas das centrais a carvão existentes na Europa estão a funcionar em plena capacidade, ou perto, devido ao preço relativamente baixo desta fonte de energia face ao gás natural – o que se traduz num aumento das emissões de CO2, apesar da rápida expansão das energias renováveis e de uma redução global nas emissões de gases com efeito de estufa na UE.

Em causa está o elevado uso do carvão em alguns dos Estados-membros com maiores populações, como é o caso do Reino Unido e da Alemanha, por exemplo, o que coloca a UE em risco de não reduzir, com a celeridade necessária, as emissões associadas à combustão do carvão, destruindo as suas ambições climáticas.

O relatório mostra que ainda é possível evitar as alterações climáticas catastróficas, mas para tal é necessário um rápido e sustentado corte nas emissões de carbono.

A CAN Europa reafirma que “as centrais termoeléctricas a carvão são a maior fonte global de emissões de gases de efeito estufa. As emissões de CO2 a partir do carvão na são muito elevadas. A UE tem de enfrentar o problema da utilização excessiva do carvão, se quiser cumprir com êxito as suas próprias metas climáticas de longo prazo”.
  
Já a WWF alerta para o facto de “o quadro da política da UE em vigor em matéria de clima, energia e poluição do ar que regula o sector de energia não ser forte o suficiente para alcançar a transformação necessária no sector”. A União Europeia, sublinha a ONG, precisa  de “reduzir as emissões de gases com efeito estufa, aumentar a eficiência energética e aumentar o recurso a energias renováveis. A reforma estrutural do enfraquecido Comércio Europeu das Licenças de Emissão (ETS, na sigla em inglês), bem como a introdução de uma norma de desempenho em matéria de emissões para as emissões de CO2 do sector de energia também são essenciais, a fim de evitar o bloqueio ao desaparecimento das infra-estruturas de energia mais poluentes”.

O EEB considera que a dependência de carvão da Europa é nefasta para a saúde das pessoas e para o ambiente e não tem lugar no nosso futuro energético sustentável. 
Por último, a HEAL sublinha que “as maiores centrais a carvão na Europa são responsáveis por centenas de milhões de euros em custos de saúde. A enorme quantidade de poluentes libertada, para além das emissões de CO2, contribui para níveis mais elevados de partículas, que é um importante poluente com consequências graves na saúde humana. A reforçar, apenas 30 centrais causam 20% dos custos de saúde do sector de energia europeu. A eliminação de carvão na Europa será uma vitória, porque vai ajudar a conseguir um ar limpo para mais pessoas, e evitar mais danos à saúde devido às alterações climáticas”.
 
Por último, a Aliança Climática Alemã, afirma que ”a próxima fase da ‘Energiewende’ (transição energética alemã) deve concentrar os esforços em como fazer a transição para longe do carvão. Se a Alemanha e a UE têm um compromisso sério com as suas metas climáticas e na transformação do sector de energia, é fundamental a eliminação do carvão das centrais alemãs. O facto de 9 das 30 centrais maiores emissoras de CO2 estarem localizadas na Alemanha, e a maioria dos quais queimar lenhite, é um caso em questão”.