Respeitinho pelo prato alheio

Há algum problema em deitar a mão ao prato de outra pessoa, por exemplo um amigo, para picar uma simples batata frita? Tiago Fialho.

Em petits comités, e com amigos muito íntimos, uma vez por outra, para picar uma batata frita, talvez se admita.
Devo dizer que fui educada de outra maneira. O meu pai não tocava no prato de ninguém e perdia a cabeça se alguém se atrevia a imiscuir-se no dele.

E tenho um amigo que, quando em restaurantes chega o seu bife com batatas fritas, espirra ostensivamente sobre elas, ou chega até a cuspir-lhes (ou finge fazê-lo), para demover qualquer tentativa de picanço alheio.
Para nós, portugueses, amantes de acompanhamentos (e sobretudo de batatas fritas, que quase sempre parecem poucas para o tamanho do bife), as mãos dos amigos a roubá-las do nosso prato são uma autêntica praga.

Eu aconselharia o leitor a respeitar sempre o prato dos outros, por muito que lhe custe – e a defender o seu com unhas, dentes, espirros e o mais que se revelar necessário. E só faria uma excepção em caso de amigos muito íntimos, que se mostrem disponíveis para isso.

É natural que, quando se vai a primeira vez a um restaurante com um grupo de pessoas, exista a tentação de todos provarem os vários pratos. E em certos restaurantes, como os chineses, isso é usual. Além disso, entre marido e mulher ou entre namorados, aceitam-se ousadias.

Mas convém não exagerar. Porque é à mesa que se vê estalar o verniz a muita gente.