Joaquim Gomes, jornalista e colaborador do SOL, é autor do livro ‘Face Oculta Com Rostos’. Diz-se chocado com a desigualdade na aplicação da Justiça.
Porque decidiste escrever este livro?
A maioria das pessoas não sabe que a operação Face Oculta deu origem a mais de 30 processos. O o livro faz uma recolha exaustiva dos factos mais relevantes e do processo principal de corrupção que está a ser julgado em Aveiro e que acompanho desde que começou, há dois anos e meio.
Sócrates é um dos protagonistas do teu livro…
Sim. Sócrates foi o ausente sempre presente ao longo do julgamento. Gastou-se rios de dinheiro no julgamento para provar a corrupção envolvendo Manuel Godinho e empresas públicas mas a alegada tentativa do ex-primeiro-ministro José Sócrates para controlar a TVI e a comunicação social nem sequer foi investigado.
Tentaste ouvi-lo para o livro?
Tentei contactar o ex-primeiro ministro por sms e por carta, mas não me quis responder a qualquer questão. Fiquei desiludido. Acho que Sócrates tinha obrigação de o fazer, agora, e já com distanciamento!
Na recolha exaustiva que fizeste, o que mais te chocou?
A existência de dois pesos e duas medidas na Justiça. Quando se tratou de investigar o Grupo de Manuel Godinho e das sucatas a máquina do Estado esteve ao serviço da Justiça. Mas quando os indícios puseram em causa o primeiro-ministro e outros a investigação morreu à nascença por decisão dos seus mais altos magistrados: Pinto Monteiro, então procurador- geral da República, e Noronha do Nascimento, na época presidente do Supremo Tribunal de Justiça.