Câmara de Braga ‘está numa situação de descalabro financeiro’

O actual presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, revelou esta tarde que a situação financeira da autarquia é “de descalabro financeiro, sendo desmesurado o nível de endividamento, claramente desproporcionado à realidade do município”. O relatório da auditoria seguirá para o Ministério Público visando uma eventual investigação criminal.

“Foi uma forma absolutamente criminosa de gerir os recursos públicos e que vai onerar os próximos 25 anos da Câmara de Braga e também as gerações vindouras”, salientou Ricardo Rio. “A Câmara de Braga transformou-se num verdadeiro ‘porta-aviões’ e gerida como uma mercearia, pelo que corre sérios riscos de uma receber uma ‘troika’ autárquica e de perder a capacidade de gestão e autonomia, devido ao cenário verdadeiramente negro e dantesco que se estende a todo o universo municipal”, considerou.

“Mesquita Machado perdoou ao Sporting Clube de Braga uma dívida de meio milhão de euros em electricidade, através de um despacho feito à revelia de todo o executivo de então”, acrescentou o presidente do município.

“Como é que tudo isto – que merecia uma investigação de natureza criminal – passou sem escrutínio?” – questionou-se Ricardo Rio, criticando de seguida os “artifícios de natureza contabilística”.

“Na Fundação Bracara Augusta houve um exercício de descalabro financeiro e de falta de rigor e de transparência”, adiantou, lamentando “o passivo encapotado de facturas não conhecidas da contabilidade durante a anterior gestão autárquica”.  O edil bracarense referiu ainda “toda uma panóplia de processos judiciais, a maioria dos quais já com expropriações, que ascendem a pelo menos mais 20 milhões de encargos, como a Variante do Cávado, Monte Picoto e o Estádio Municipal de Braga”.

“O encargo dos campos de futebol e o do estádio municipal representam mais de 12 por cento do orçamento anual da Câmara de Braga”,

“o arquitecto Souto de Moura reclama dois milhões e 600 mil euros”,  disse, elencando um conjunto de outras situações, como um milhão de euros de dívidas à empresa Estradas de Portugal.

“O âmbito da auditoria não contende com as investigações da Polícia Judiciária”, de acordo com Ricardo Rio, que se referia aos casos das alegadas ‘luvas’ da empresa MAN aos Transportes Urbanos de Braga e ao negócio do Palacete das Convertidas, este último envolvendo uma filha e um genro de Mesquita Machado, o anterior presidente da Câmara Municipal de Braga. 

A conferência de imprensa onde foram apresentados os resultados das auditorias financeiras da PWC PricewaterhouseCoopers à anterior gestão da Câmara Municipal de Braga decorreu no salão nobre dos Paços do Concelho, com a presença de todos os elementos do executivo municipal.