O comissário europeu da Saúde, Tonio Borg, transmitiu esta mensagem depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter hoje declarado o surto na África Ocidental uma emergência pública sanitária internacional.
"O risco do Ébola nos territórios da UE é extremamente baixo. Tanto porque relativamente poucas pessoas que viajam para a União estarão infectadas com o vírus, quanto pela forma pela qual se dá o contágio: só através de contacto directo com fluidos corporais de um doente com sintomas", declarou Borg.
Além disso, a UE tem padrões muito elevados de cuidados médicos e preventivos e, depois de ter acompanhado a situação na África Ocidental durante meses, "no improvável caso de o Ébola chegar à União", os Estados-membros estão "preparados para enfrentar o vírus", assegurou o comissário europeu da Saúde.
A Comissão Europeia (CE) está a trabalhar na preparação e a coordenar a gestão do risco juntamente com os Estados-membros da UE e conta, para tal, com o apoio do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças e da OMS, indicou.
A Comissão de Segurança Sanitária da UE, criada por decisão do Parlamento Europeu e do Conselho para lidar com ameaças graves de saúde transfronteiriças, coordena o intercâmbio de informação e a preparação, explicou o responsável comunitário.
Borg frisou ainda que "nesta situação tão grave, é essencial" que todos cooperem "num espírito de solidariedade" para combater o surto epidémico na África Ocidental, onde morreram mais de 900 cidadãos na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa e onde o vírus também afectou recentemente a Nigéria.
Na UE, o primeiro e único caso, até agora, de uma pessoa infectada pelo Ébola é o do sacerdote espanhol Miguel Pajares, que chegou na quinta-feira a Madrid procedente da Libéria para ser tratado.
O comissário europeu, que expressou condolências às famílias das vítimas mortais do Ébola e elogiou o esforço das diversas comunidades africanas e dos milhares de médicos, enfermeiros e voluntários para combater o vírus, recordou que a CE disponibilizou mais 3,9 milhões de euros à luta contra esta doença na África Ocidental.
"Tenho a certeza de que juntos, com a ajuda das pessoas dos países afectados e dos nossos próprios cidadãos, poderemos conter o actual surto com êxito", disse o responsável europeu.
A directora-geral da OMS, Margaret Chan, pediu hoje à comunidade internacional que ajude os países afectados a combater a epidemia de Ébola, a pior em quatro décadas.
Em conferência de imprensa, Chan afirmou que os países da África Ocidental mais atingidos pela epidemia – Libéria, Serra Leoa, Guiné-Conacri e Nigéria – "não têm meios para responder sozinhos" à doença e pediu "à comunidade internacional que forneça o apoio necessário".
Relativamente a Portugal, a Direcção Geral de Saúde vai divulgar hoje à tarde uma posição concertada com os parceiros europeus sobre a declaração do estado de emergência mundial de saúde pública.
Em Portugal, os hospitais de referência definidos para atender estes casos são o Curry Cabral e o Dona Estefânia, em Lisboa, e o São João, no Porto.
Desde Março, a epidemia já matou 961 pessoas e infectou mais de 1.700.
Lusa/SOL