NATO estuda resposta ao comportamento “agressivo” da Rússia

O secretário-geral da Aliança Atlântica disse hoje que os líderes dos países aliados vão aprovar esta semana um plano de acção para dotar a organização de uma resposta ao comportamento “agressivo” da Rússia na crise ucraniana.

NATO estuda resposta ao comportamento “agressivo” da Rússia

"Vamos assegurar a capacidade e a preparação da Aliança Atlântica, capaz de defender os aliados de qualquer ataque", disse Anders Fogh Rasmussen em conferência de imprensa em Bruxelas sobre a Cimeira da NATO que se vai realizar no País de Gales, esta semana.

Rasmussen explicou que os chefes de Estado e de Governo dos 28 países da NATO vão analisar o Plano de Acção Rápida (RAP na sigla em inglês) que vai fazer com que a Aliança Atlântica fique mais "ágil do que nunca", reforçando a defesa colectiva dos Estados membros.

"O plano é a resposta ao comportamento agressivo da Rússia, mas também permite que a NATO responda aos diferentes desafios de segurança, de onde quer que venham", disse Rasmussen.

O secretário-geral da organização disse também que a nova força vai ser composta por vários milhares de soldados, em esquema de rotação pelos vários países, mas ressalvou que ainda "é muito cedo" para fornecer números concretos.

"Vai reforçar-se de forma significativa a capacidade de resposta da NATO. Vai desenvolver-se aquilo que se pode chamar 'vanguarda' da nossa capacidade de resposta: uma força de acção muito rápida e que pode ser projectada em pouco tempo", afirmou.

Sobre o mesmo assunto sublinhou que a projecção da força vai acontecer "dentro de dias".

Rasmussen acrescentou que a nova força "vai estar preparada para responder quando for necessário e com o apoio de meios terrestres, aéreos e marítimos, e das forças especiais a qualquer ameaça dos aliados".

Os líderes da NATO e dos países associados à Aliança Atlântica, além dos Estados que formam a missão aliada no Afeganistão (ISAF) vão participar esta semana na cimeira que vai ter lugar em Newport, perto de Cardiff, no País de Gales.

Na mesma cimeira também vai ser analisada a situação no Iraque e no Afeganistão, entre outros assuntos, mas o encontro vai estar centrado, essencialmente, na crise ucraniana e nas relações, cada vez mais deterioradas, entre a Rússia e os aliados.

A NATO, que assinala 65 anos, vai realizar a cimeira de Cardiff num momento considerado "crucial" por Rasmussen, devido à crise na Ucrânia e ao incremento do extremismo islâmico, assim como a fragilidade de Estados como o Afeganistão e o Iraque.

O Plano de Acção Rápida (RAP) vai garantir aos Estados "forças e equipamentos nos locais e momentos adequados", reforçou Rasmussen sublinhando que a presença aliada no Leste da Europa vai prolongar-se durante o tempo que for necessário. 

A NATO, afirmou, "não quer atacar ninguém" mas sim responder aos "perigos e ameaças que são cada vez mais presentes e visíveis".

Durante a Cimeira do País de Gales está prevista uma reunião entre o secretário-geral da NATO e o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, a quem os aliados já demonstraram apoio devido à "agressão" da Rússia na região Leste ucraniana.

Rasmussen voltou a dizer que o comportamento de Moscovo configura uma "violação flagrante" dos acordos firmados entre a NATO e a Rússia.

Para o líder da Aliança Atlântica, a Rússia, depois do fim da Guerra Fria, não considera a NATO como um parceiro.

"Não podemos ser ingénuos nem termos ilusões. Enfrentamos uma realidade em que a Rússia nos considera como adversários. Temos de adaptar-nos a esta situação."

Sobre a possibilidade de Kiev pedir, no futuro, a adesão à NATO, Rasmussen disse que o assunto será devidamente analisado. 

Lusa/SOL