O julgamento da inspectora da PJ, que começou a 16 de Junho, com audiência contínuas durante duas semanas, termina na segunda-feira, às 15:00, com a leitura da sentença.
Nas alegações finais, que se realizaram a 16 de Julho, o Ministério Público (MP) pediu a pena máxima de 25 anos por homicídio qualificado para a inspectora da directoria do Porto, considerando que a arguida revelou "premeditação e frieza de ânimo" no alegado crime, afirmou o procurador Jorge Leitão.
O crime, que classifica de "hediondo", levou à morte de "uma idosa de 80 anos a viver sozinha", frisou Jorge Leitão, durante as alegações finais, considerando que foram motivos económicos que levaram a que a arguida cometesse o crime.
O MP pediu ainda que Ana Saltão fosse proibida de voltar a exercer a função de inspectora da PJ.
Castanheira Neves, advogado em representação do filho da vítima, disse em tribunal que "a conclusão parece óbvia".
O facto de o telemóvel da inspectora da PJ estar desligado durante a tarde em que ocorreu o crime, ter ido buscar a filha ao infantário mais tarde, usar o direito de não prestar declarações no primeiro interrogatório, a queimadura na mão ser "compatível" com disparos repetidos num momento de tensão foram alguns dos factos apresentados pelo advogado.
Já a advogada de defesa de Ana Saltão, Mónica Quintela, pediu a absolvição total da arguida.
"Quero que se faça justiça. Um 'in dubio pro reo' [princípio em que, em caso de dúvidas, se favorece o arguido] nunca vai restituir o bom nome e imagem da arguida", disse a advogada.
Em declarações à comunicação social, a advogada considerou que o "in dúbio pro reo" leva a que fique "sempre um estigma e uma dúvida", sendo necessária a confirmação da inocência da sua cliente.
Mónica Quintela disse que "não há nenhum motivo" para que Ana Saltão tivesse cometido o crime, contestando a tese de que seria por motivos económicos.
No decorrer do julgamento, a advogada de defesa frisou diversas vezes a teoria de que a investigação do caso terminou na madrugada do crime, apelidando a investigação que se sucedeu como feita "a cheirómetro".
Mónica Quintela criticou diversos procedimentos da PJ, alegando "falhas na investigação", "falsificação de autos" e "sonegação de provas".
Durante o processo, Ana Saltão declarou-se inocente, afirmando que os resíduos de disparo de arma encontrados no seu casaco surgiram por "contaminação".
O marido da inspectora da PJ, que tinha ficado convencido de "que a Ana tinha matado" a sua avó em 2012, em tribunal defendeu a inocência da mulher, considerando que esta não teria condições físicas para cometer o crime.
A vítima, de 80 anos, foi atingida mortalmente com 14 tiros, numa residência da rua António José de Almeida, zona de Celas, em Coimbra, durante a tarde de 21 de Novembro de 2012.
Para o julgamento de Ana Saltão, foi escolhido um tribunal de júri, a pedido do MP, sendo o colectivo de juízes composto por João Ferreira, Fernanda Almeida e Alexandra Silva.
Lusa/SOL