Ex-administrador do BES recebia 2400 euros por reunião para estar ‘calado’

Nuno Godinho de Matos, advogado e ex-administrador não executivo do BES, disse ao jornal i que recebi 2400 euros líquidos por cada reunião em que participava, ou seja, entre 10 e 12 mil euros por ano. Confessou também que nesses mesmos encontros “entrou sempre mudo e saiu calado”.

“Não havia perguntas não porque não pudesse haver, mas porque jamais alguém as fez”, explicou quando foi confrontado sobre o papel do órgão que integrava, antes da intervenção do Banco de Portugal no BES. Godinho de Matos chegou mesmo a caracterizar os administradores não executivos como sendo “verdadeiros verbos de encher”, “um detalhe, um acessório de toilette de senhora”. 

“Os não executivos não têm nada a ver com a vida diária do banco. Vão às reuniões do conselho de administração quando são convocados, quatro ou cinco vezes por ano. O que conhecem da vida do banco é o que é reportado nessas reuniões pelos quadros superiores”, acrescentou.

De acordo com o relatório da CMVM, em 2013 Nuno Godinho Matos recebeu 42 mil euros brutos pelas tais reuniões do conselho de administração não executivo do BES, lê-se no Observador. O ex-administrador tem cerca de 100 mil euros retidos no ‘banco mau’, que resultou da divisão do Banco Espírito Santo.

“Um falhanço total”

Nuno Godinho de Matos admitiu na mesma entrevista que não sabia do que se passava no banco antes da intervenção do Banco de Portugal, considerando ter havido um "falhanço total" por parte desta instituição, da Comissão de Mercado e Valores Mobiliários e das empresas de auditoria, "que nunca se aperceberam do que quer que fosse".

"As principais vítimas ainda deverão ser as pessoas que foram ao último aumento de capital, porque compraram papel que hoje não vale nada, nem para embrulho", explicou.

O ex-administrador disse ainda que o estava pode detrás as ambições não era o dinheiro: “Aquilo que motiva um homem com o percurso de vida do Dr. Ricardo Salgado é o poder. Que, no presente caso, era o poder social e o financeiro", afirmou.

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