Dragão joga forte

As chegadas de Adrián López, Bruno Indi ou Brahimi elevaram o investimento do FC Porto em reforços acima dos 40 milhões de euros e devolveram ao clube o domínio do mercado a nível nacional, depois de duas épocas em que foi o Benfica a gastar mais na janela de transferências de Verão.

Dragão joga forte

Nos últimos dez anos, 'dragões' e 'águias' têm alternado de posição, deixando sempre para trás o Sporting, que ainda assim conseguiu reduzir o fosso da temporada anterior para esta: tinha investido um décimo dos rivais em 2013/14 e agora chegou quase a metade das verbas despendidas pelos outros dois 'grandes'.

Segundo dados do transfermartk, portal especializado no mercado, os três maiores clubes portugueses realizaram entre si o segundo maior investimento da última década. Um total de 98 milhões de euros – 43 do FC Porto, 37 do Benfica e 18 do Sporting -, só atrás dos 106 milhões gastos em 2011/12.

Desta vez, porém, os encaixes realizados com as vendas de jogadores superaram o investimento em contratações em todos os 'grandes' – em 10 anos só havia acontecido em 2008 – e a 1.ª Liga fechou este período de transferências, na passada segunda-feira, como a segunda com maior lucro entre todas as europeias, atrás da holandesa. Um saldo positivo superior a 90 milhões de euros, 39 da responsabilidade do Benfica, 37 do FC Porto e 14 do Sporting.

É de sublinhar que nem todo o dinheiro destas mais-valias foi parar às contas dos clubes nacionais, por via da partilha dos passes dos jogadores. Há exemplos nos três 'grandes': os 'dragões' receberam 30,5 dos 40 milhões que o Manchester City investiu em Mangala; as 'águias' ficaram com 12,5 dos 25 que o Liverpool pagou por Markovic; e os 'leões' arrecadaram 13 dos 20 que o Manchester United deu por Marcos Rojo.

Do ponto de vista desportivo, o FC Porto também parece ter ganho a corrida aos reforços. Adrián (11 milhões de euros), Indi (7,7) e Brahimi (6,5) são três potenciais titulares na equipa de Julen Lopetegui, assim como os jovens Tello, Casimiro e Óliver, emprestados por Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid. Vão acrescentar qualidade a um plantel que na época passada desiludiu os adeptos.

Além de Mangala, do onze habitual saíram apenas Fernando e Varela, pelo que se espera um FC Porto mais forte nas várias frentes.

Na Luz, o cenário é o oposto. Apesar do investimento no Verão ter ultrapassado a fasquia dos 25 milhões de euros pela sétima época consecutiva, os jogadores que chegaram não compensam as muitas saídas importantes. Se o guarda-redes Júlio César, que estava sem clube, pode fazer esquecer Oblak, já Garay, Markovic, Rodrigo e Cardozo não têm substitutos à altura em Lisandro (regressado de empréstimo), César (3 milhões de euros), Bebé (3), Pizzi (regresso) ou Derley (2,5). Nem Eliseu (1,5) tem o nível de Siqueira.

É no ataque que Jorge Jesus poderá vir a enfrentar mais problemas ao longo da época (apenas Lima dá garantias), uma vez que o meio-campo, sector mais débil na época passada, tem agora mais e melhores soluções: Enzo ficou e entraram Samaris (10), Cristante (6) e Talisca (4).

Do outro lado da Segunda Circular, Marco Silva recebeu como grande trunfo Nani, envolvido na transferência de Rojo para o United. Dos outros reforços só o central Sarr (1) tem sido aposta, precisamente no lugar do argentino. As melhores 'aquisições' para o novo técnico leonino terão sido as permanências de William e Slimani, que dão ao Sporting a vantagem de ser o clube que menos mexidas operou na equipa-tipo. Se chega para lutar pelo título, um objectivo agora assumido, é o que se verá.

rui.antunes@sol.pt