Livre promove novos encontros à esquerda

Partido reúne com Fórum Manifesto e BE. Rui Tavares garante que objectivo do Livre «não é tirar o lugar a ninguém».

O Livre está a promover novos encontros com a Associação Fórum Manifesto para encontrar posições comuns e definir uma eventual aliança para as próximas eleições legislativas. Também terá uma reunião na próxima semana com o BE.

Esta quinta-feira, ao final da tarde, decorreu o primeiro de vários encontros entre o Livre e a Fórum Manifesto, corrente saída do BE. Os restantes terão lugar ao longo dos próximos dias. Será um processo de negociações sobre vários temas para chegar a um acordo, com dirigentes de ambos os lados, como Rui Tavares pelo Livre e Ana Drago e Daniel Oliveira pela Fórum Manifesto. «Vamos definir a estratégia comum a desenvolver para as legislativas», diz ao SOL Ricardo Alves, porta-voz do grupo de contacto do Livre.

Um mês para decidir

O processo de decisão deverá ficar concluído «no máximo dentro de um mês», refere fonte da Fórum Manifesto, uma vez que está marcada uma Assembleia Geral da Associação para o dia 13 de Setembro e o primeiro Congresso do Livre para 5 de Outubro, onde o tema das coligações será discutido. Resta agora saber os moldes da aliança: se a Fórum Manifesto se transforma em partido para ir em coligação com o Livre, ou se os seus membros integrarão as listas do Livre. Esta última hipótese acarreta, contudo, um risco: é que o mais novo partido português elege os candidatos em primárias abertas.

«O Livre é um partido mais cooperativo do que competitivo. Queremo-nos inserir na democracia para criar sinergias. O nosso objectivo não é tirar o lugar a ninguém», afirma ao SOL, Rui Tavares, fundador do partido. A missão, explica, é outra: «Trabalhar para virar o Governo à esquerda». Para isso, é necessária uma convergência das esquerdas, que devem «passar do patamar de protesto para o de governação e implementação de um programa».

Uma solução que passa obrigatoriamente pelos socialistas. «O PS faz certamente parte dessa equação. É um erro que os partidos à esquerda tenham atirado o PS para os braços da direita», considera Tavares, notando que o PS precisa de um sector à esquerda «para se ancorar». Uma opinião partilhada pela ex-deputada do BE, Ana Drago. «Não pode haver uma atitude principista e excluir à partida uma aliança com o PS», defendeu Drago, em Julho, a poucos dias da primeira reunião com o Livre.

Rui Tavares, que saiu do Parlamento Europeu em rota de colisão com o BE, reúne-se na próxima terça-feira com os bloquistas, mas chegar a um acordo é mais difícil, até porque o BE exclui os socialistas.