As figuras públicas vão nuas…

Os brasileiros dão-lhe o nome de ‘vazamento’. A empresa responsável pela segurança dos conteúdos informáticos chama-lhe ‘conto do vigário’. Certo é que várias figuras do mundo do espectáculo viram fotos íntimas espalhadas na internet para gáudio dos voyeuristas. Sempre me fez confusão saber que há quem regista para a posterioridade os momentos mais íntimos, guardando-os…

Independentemente de se saber se foi por terem respondido a emails falsos, dando as palavras-chave aos tais hackers – como defendem os responsáveis dos sistemas informáticos -, ou se foi pela vulnerabilidade do mesmo sistema, a verdade é que há pessoas que correm o risco de ter a sua vida mais reservada ao alcance de qualquer engenhocas dos computadores. Já nada faz sentido sem ficar registado numa fotografia ou filmagem? Dir-se-á que é um direito que assiste à vida de cada um e ninguém pode ver a sua privacidade exposta dessa maneira. É um facto, mas olhando para o que acontece na maioria das separações, quer de pessoas célebres quer de anónimos, não seria das ditas figuras públicas terem mais cuidado e não entrarem no mundo do famoso slogan da Kodak?

Se programas televisivos de anónimos despertam tanta curiosidade quando essas personagens se despem ou têm encontros mais íntimos, não é lógico deduzir que guardar 'momentos' no computador é um risco elevado?

As imagens que foram 'vazadas' para a internet, como dizem os brasileiros, são dos tesouros mais procurados pelos cibernautas. Há muitos anos, no tempo em que não havia net, um famoso arquitecto português viu os seus filmes caseiros pornográficos espalhados numa revista. Alguém levou as cassetes VHS e não faltou quem as quisesse ver. Imagine-se como o mundo mudou e como o lado voyerista aumentou… É a vida. 

vitor.rainho@sol.pt