Bivalves muito condicionados no Algarve

A pesca do longueirão – ou lingueirão, como é mais conhecido o ensis siliqua, utilizado numa das grandes especialidades da gastronomia algarvia, o arroz de lingueirão – está interdita em toda a zona sul, entre Vila Real de Santo  António e Lagos, pelo menos até ao final de 2015.

Em causa está a diminuição do número de exemplares deste bivalve, adianta Miguel Gaspar, do Departamento do Mar e dos Recursos Marinhos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA): “As campanhas de monitorização realizadas em Junho pelo IPMA e que cobriram as zonas sul e ocidental sul [entre Sines e Lisboa] revelaram que os bancos de ensis siliqua na zona sul se encontram sobreexplorados, pelo que tivemos de interditar a sua exploração”, explica o responsável. É possível, porém, pescar longueirão noutros locais do país. Entre Sines e Lisboa, houve “um aumento da sua abundância, o que revela o bom estado de conservação dos bancos da espécie” nessa zona, adianta, acrescentando que o IPMA recomendou o aumento da quota de pesca comercial por ganchorra para esta zona. 

No Algarve, a probição será avaliada no próximo ano, entre Maio e Junho: “Nessa altura, decidiremos, em função da recuperação da espécie, se mantemos a interdição mais um ano ou não”.

Toxinas ditam interdição

Estas não são as únicas más notícias para os pescadores algarvios. Na costa litoral sul, há cerca de três meses que está proibida a pesca de praticamente todas as espécies de bivalves (excepto a amêijoa-branca e o pé-de-burrinho, que podem ser pescados entre Tavira e Vila Real de Santo António), devido presença de fitoplâncton tóxico e de DSP, uma toxina que provoca intoxicação diarreica. Entre o Cabo de S. Vicente (Sagres) e Portimão, a proibição estende-se a todos os bivalves, também por uma questão de saúde pública: além da DSP, foi detectada outra toxina, a ASP,  que provoca intoxicação amnésica.

sonia.balasteiro@sol.pt