Taiwan em operação de charme

Chegou nesta quarta-feira a Lisboa uma delegação de embaixadores da Juventude da República da China ou Taiwan; ou como os navegadores portugueses do século XVI lhe chamavam, Ilha Formosa. A comitiva é composta por 21 membros, entre os quais 16 estudantes universitários das mais diversas áreas.

“Adoro o tempo aqui, faz lembrar Taiwan”, disse ao SOL, visivelmente contente, Yu-Ju Lai, uma das jovens embaixadoras e estudante de Inglês na Universidade Wenzao Ursuline de Línguas em Taiwan. O grupo, antes de Portugal, esteve na Dinamarca e na Suécia.

Desde 2009, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan leva a cabo o Programa Internacional de Jovens Embaixadores. O principal objectivo é cativar as pessoas a visitarem e a conhecerem o seu país, através de exposições, de seminários com universidades locais e de actuações de dança e música, mostrando assim a diversidade de Taiwan como porta-estandarte da verdadeira cultura chinesa.

Taiwan tem cerca de cinco mil templos budistas, confucionistas e taoistas. Na capital do país, Taipé, o Palácio Nacional tem a maior colecção de arte chinesa do mundo, com mais de 600 mil peças, parte delas vindas dos palácios imperiais chineses. O museu original ficava na lendária Cidade Proibida, em Pequim.

 “A nossa caligrafia manteve a tradição, há uma história por trás de cada palavra, e isso é importante para saber quem somos e de onde vimos”, explicou, na sede da Junta de Freguesia de Carnide, Jhe-Min Lin, embaixador da Juventude, de 20 anos, e estudante de Ciência Política da Universidade de Cheng Kung. “A escrita na China (Popular) é mais simples, mas eles não conhecem a sua história e ao não conhecê-la, não sabem quem são. Eles falam chinês mas não sabem o significado que isso tem”, acrescentou Jhe-Min Lin. “Eles não conseguem ler as nossas palavras, mas nós conseguimos ler as deles”, interrompeu carinhosamente Yu-Ju Lai, antes de ser informada que tinha que ir para os ensaios (o grupo actuou, esta quinta-feira, na Feira da Luz, em Carnide).

O espectáculo estava meticulosamente preparado, fazendo jus à a organização chinesa (Popular ou Republicana). Uma operação de charme para as dezenas de espectadores. Impressionante foi o facto de estes estudantes conseguirem executar, na perfeição, todas as tarefas que lhe são destinadas. “Aqui está a elite jovem do país, os melhores entre os melhores”, disse Joe Y. Kuo, um dos chefes da delegação e representante do Departamento para os Assuntos da Europa Central e Leste.

Durante os 90 minutos, os jovens universitários tentaram mostrar a beleza e as qualidades do seu país, através de danças típicas e da música. As actuações – que eram acompanhadas por duas raparigas com longos vestidos azuis que faziam as explicações das actuações em inglês, utilizando algum humor, nem sempre percebido pela audiência – centraram-se na cultura, na língua, na gastronomia, na paisagem, mas também no poder da inovação, do país que é a 24.ª economia mundial.

Os jovens, antes de seguirem para a Mongólia (última paragem antes do regresso a casa), vão ainda vão participar em seminários em três universidades lisboetas.

miguel.mancio@sol.pt