Surpreendida pelo ‘petrolão’, Dilma recupera nas intenções de voto

Um semana depois da revista Veja revelar mais um alegado esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, ministros do actual governo, ex-ministros de Lula e até Eduardo Campos – candidato do PSB que morreu num acidente aéreo em Agosto e que foi substituído por Marina Silva – a Presidente do Brasil recupera nas sondagens. Numa projecção…

Surpreendida pelo ‘petrolão’, Dilma recupera nas intenções de voto

No estudo anterior do mesmo instituto, publicado a 3 de Setembro, as duas candidatas apareciam empatadas na primeira volta, que se disputa a 5 de Outubro, considerando a margem de erro de 4%: Dilma somava 37% das intenções de voto, enquanto Marina chegava aos 33%. 

A recuperação da sucessora de Lula da Silva nas intenções de voto também se estende à segunda volta, agendada para dia 26 de Outubro. Na sondagem anterior, a ainda Presidente do Brasil perderia a eleição para a ambientalista, com 39% das intenções de voto contra os 46% com que Marina Silva seria eleita. Na sondagem de hoje, porém, as duas candidatas que lutam pela liderança do Brasil já aparecem separadas apenas por um ponto percentual e, tecnicamente, empatadas: Dilma consegue 42% das intenções de voto e Marina 43%. 

Aécio Neves, candidata do PSDB, consolida-se no terceiro lugar destas eleições e parece mesmo afastado da disputa pela segunda volta. O candidato tucano mantém os 15% das intenções de voto. 

A sondagem foi realizada entre os dias 5 e 8 de Setembro. Mesmo em cima da revelação da revista Veja, publicada com base em declarações de Paulo Roberto Costa, ex-director da petrolífera que está preso, e envolvendo, entre outros, Edinson Lobão, ministro das Minas e Energias, João Vaccari Neto, secretário nacional das Finanças do Partido dos Trabalhadores (PT), Renan Calheiros, presidente do Senado brasileiro e Eduardo Campos, ex-governador do Pernambuco e ex-candidato às eleições de Outubro pelo PSB. 

Obrigada a reagir, a Presidente do Brasil, ex-ministra das Minas e Energia do governo Lula e ex-gestora de Petrobras admitiu ter sido “surpreendida” com a denúncia do ex-director da empresa estatal e recusou, para já, fazer demissões no seu governo, preferindo antes “aguardar” os resultados da investigação entretanto aberta pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. 

A denúncia acabou por marcar a semana na campanha eleitoral e serviu de argumento para troca de acusações. Marina Silva, que se limitou a pedir respeito pela memória de Eduardo Campos, um dos envolvidos no alegado esquema denunciado pela Veja, evitou responsabilizar directamente a sua adversária, mas acusou o PT e o governo (liderado por Dilma) de “manter esta quadrilha” dentro da petrolífera brasileira. 

Aécio Neves aproveitou também a revelação já conhecida como ‘petrolão’, numa referência ao ‘Mensalão’ descoberto nos tempos de Lula da Silva no poder, para cavalgar na candidata do PT:  “Não acredito que Dilma tenha recebido recursos desse esquema. Mas, do ponto de vista político, ela foi beneficiária, sim. E tinha a obrigação de saber aquilo que acontece à sua volta”, disse o tucano. 

Até às eleições, os candidatos, sobretudo os da oposição a Dilma Rousseff, dão sinais de que o assunto não vai sair da agenda, mesmo que a investigação só esteja concluída depois de Outubro e que a Presidente do Brasil opte por fazer pedagogia sobre a importância da Petrobras e o seu papel na economia e na garantia de investimento na Saúde e na Educação, acusando os seus adversários, Marina e Aécio, de se prepararem para entregar a empresa pública a privados. 

ricardo.rego@sol.pt