Hospitais propuseram programa piloto para dispositivo cardíaco

O Centro Hospitalar de Lisboa Central afirmou hoje ter proposto à tutela, em conjunto com o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, um programa piloto para colocação de dispositivos cardíacos, tendo em conta o envelhecimento da população.

A informação consta num comunicado emitido pelo centro hospitalar a propósito da posição da Ordem dos Médicos, que contesta as conclusões da Inspecção Geral das Actividades em Saúde (IGAS) relativamente à morte de dois doentes no Hospital de Santa Cruz, alegadamente por restrições orçamentais na instituição, e insiste em responsabilizar o hospital.

O Centro Hospitalar reitera que os doentes eram já de avançada idade (91 e 87 anos).

"Encontravam-se de facto em lista de espera para VAP (Válvula Aórtica Percutânea). No entanto, ambos faleceram por causas infecciosas", afirma o centro hospitalar.

A instituição frisa que, após inquérito, a IGAS concluiu "não ser possível estabelecer um nexo de causalidade directo entre o adiamento da aquisição (dos dispositivos) e o falecimento dos doentes".

A administração diz que o serviço de cardiologia dispõe no seu orçamento de "um elevado montante" para custear o material clínico onde estão incluídas as VAPs".

Diz ainda que, por se tratar de uma técnica recente, se verifica "grande solicitação e pressão de vários hospitais do país" para colocação destes dispositivos, uma vez nem todos fazem esta prática.

De acordo com informação da administração, no ano passado mais de metade dos doentes que colocaram os dispositivos não pertenciam à área daquele centro hospitalar, "correspondendo a uma sobrecarga financeira extraordinária".

A administração reconhece que o envelhecimento da população e a patologia da válvula aórtica, própria deste grupo etário, exigirão um progressivo investimento nesta técnica.

"Foi proposto à tutela pelo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho em conjunto com o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental um programa piloto para financiamento específico e desenvolvimento de colocação de VAPs", afirma a administração no comunicado.

No dia 15 de Julho, a Ordem dos Médicos revelou em conferência de imprensa que os dois doentes teriam morrido enquanto se encontravam em lista de espera no Hospital de Santa Cruz para receber dispositivos médicos para tratar por via percutânea uma estenose aórtica de alto risco.

Após esta denúncia, a IGAS abriu um inquérito e concluiu que a mesma não tinha fundamento, considerando que "carece de fundamento a denúncia de que, igualmente por restrições orçamentais, não houve reparações e manutenção do equipamento da Unidade de Intervenção Cardiovascular".

Lusa/SOL