Tribunais estão ‘numa situação perfeitamente impossível’

O presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) disse hoje que os tribunais estão numa “situação perfeitamente impossível” devido aos problemas registados na plataforma Citius.

"Se não querem chamar caos, é como lhe digo, chamem-lhe confusão, pandemónio, enfim… o que quiserem, turbulência… tudo… as coisas estão de facto numa situação perfeitamente impossível", disse Fernando Jorge, reagindo às declarações da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, que assumiu "integralmente a responsabilidade política" pelos "transtornos" registados na plataforma informática Citius, mas negou que estes tivessem causado o "caos".

O dirigente do SFJ disse ainda que é provável que a ministra Paula Teixeira da Cruz não tenha entrado em nenhum tribunal há quinze dias, porque se o tivesse feito veria a situação com que se confrontam.

"Estive hoje em Almada, na secção de execuções de Almada estão 120.000 processos, em Montemor estão 18.000, em Silves estão 20 mil", referiu, sublinhando tratar-se de "um caos de processos" em "secções de execuções onde os processos são tramitados obrigatoriamente no sistema informático".

Podemos "trocar a palavra caos por pandemónio ou por enorme confusão, ou então, se quisermos, para ser um pouco irónicos, se calhar não há caos, está tudo muito sereno, porque não há nada para trabalhar", disse.

"Há muito pouca possibilidade de trabalhar, trabalho há lá muito", enfatizou.

Fernando Jorge lembrou que os problemas na plataforma Citius se arrastam desde 26 de Agosto e que neste momento está instalada uma "confusão e uma duplicação de trabalho nos tribunais".

Isto porque, explicou, neste momento há dois sistemas a funcionar em simultâneo: o antigo onde não aparecem os tribunais novos e o que entrou em funcionamento na terça-feira só para os processos novos.

Uma situação "violenta" tanto para quem trabalha nos tribunais como para o cidadão que ali tem que se deslocar, frisou.

"Dizer que não há nada, que se fazem julgamentos e que está tudo normal… meu Deus, vamos lá ser honestos nestas questões", disse, em resposta à ministra da tutela que admitiu hoje haver "transtornos e dificuldades acrescidas" devido aos problemas com o Citius.

"O que se passa nos tribunais é o verdadeiro pandemónio que era imprevisível que viesse a acontecer desta forma com certeza para a ministra, para nós não, sabendo que o sistema informático era de facto uma peça fundamental no funcionamento dos tribunais e avisámos desde a primeira hora", concluiu.

Lusa/SOL