Descobertas câmaras de gás nazis

Ainda havia um local onde as atrocidades nazis estavam escondidas, cobertas por árvores e asfalto. Mas por fim os arqueólogos desenterraram este local de terror. Após 71 anos, foram descobertas as câmaras de gás do campo de concentração de Sobibor, Polónia, onde se calcula que mais de 250 mil judeus tenham sido assassinados. Os resquícios…

Descobertas câmaras de gás nazis

“Depois de oito anos de escavações em Sobibor, esta é uma grande conquista”, disse ao jornal Haaretz o arqueólogo Yoram Haimi, que perdeu dois tios no acampamento. As quatro câmaras foram encontradas, em estado quase perfeito, debaixo da estrada de asfalto e de vários tijolos empilhados.

O campo foi fundado em Março de 1942, de acordo com a Biblioteca Virtual Judaica, e era composto por três partes: administração, dormitórios e câmara de gás. Diante deste último, havia uma estrada chamada Himmelfahrsstrasse – caminho para o céu.

“Usava uma bata branca para dar a impressão que era médico”, testemunhou um oficial alemão, que trabalhava em Sobibor, segundo o arquivo de pesquisa do Holocausto. “Dizia aos judeus que antes de irem trabalhar tinham que tomar banho para serem desinfestados. Depois… ligávamos as máquinas e após o gaseamento abríamos as portas e tirávamos os corpos de lá”, confidenciou.

O arqueólogo polaco Wojciech Mazurek afirma que os nazis faziam criação de gansos no local “para abafar os gritos dos prisioneiros”.

A história do campo, no entanto, teve uma alteração drástica, a 14 de Outubro de 1943,com a chegada de Alexander Pechersky. O prisioneiro soviético de raízes judaicas foi capturado e enviado para Sobibor, mas pouco tempo depois orquestrou um plano de fuga com outros prisioneiros. Consistia em matar o máximo de guardas possível e de seguida fugir. Muitos foram perseguidos e mortos, mas outros tantos conseguiram cumprir com o plano delineado.

Depois deste acontecimento, os alemães encerraram o campo e tentaram limpar qualquer sinal da sua existência. Durante 71 anos conseguiram esconder as câmaras de gás. Antes disso, já milhares de objectos pessoais das vítimas tinham sido encontrados. “Encontrámos uma grande estrela de David e uma moeda datada de 1927 da Palestina”, disse Yoram Haimi.

Numa entrevista ao Haaretz, há dois anos, após a descoberta da estrada “do caminho para o céu, Haimi dizia que estava “perto de descobrir toda a verdade. Agora, afirma que já atingiu o seu “objectivo”, a descoberta das câmaras de gás.

miguel.mancio@sol.pt