Marmita à moda de Itália

As marmitas estão na moda (a crise a isso obriga e os designers até lhes adicionaram um toque cosmopolita), pelo que o italiano Sergio Crivelli quis adaptá-las ao conceito de um restaurante italiano. Para quem se esqueceu de preparar o almoço em casa ou está cansado de comida pré-congelada, o chef – que já tinha…

Marmita à moda de Itália

“Fui reparando que a maior parte das pessoas opta por fazer refeições mais rápidas e económicas e não havia grande oferta, além do fast food”, explica Sergio Crivelli, que é natural de Spoleto, uma cidade do centro de Itália, situada no sopé dos Montes Apeninos e famosa pelas trufas e pelos enchidos curados ao ar frio. O chef faz mesmo questão de usar produtos italianos (a mozzarella, o presunto, o molho de tomate e a farinha) ou portugueses (como o atum, azeite, fiambre e vegetais frescos). A própria marmita (um recipiente simples, de plástico) é de fabrico português, não sendo o seu uso caso único na cidade, porque há outras opções como a One Two Taste ou o BB Gourmet. Porém, aqui o foco está unicamente na comida italiana.

“Ao dar-lhe o nome de marmita abri uma série de outras possibilidades. É uma questão de semântica, mas todos associam a marmita ao conceito de preparar algo de manhã, para levar para o trabalho e aquecer ao almoço. Aqui à volta, há muitos escritórios e as pessoas podem vir buscar a sua encomenda às 13h e, se for preciso, aquecê-la no microondas”, explica. Há seis tipos de massa (incluindo formatos que não são usuais em Portugal, como a campanella e a casareccia, todos produzidos no laboratório de massa fresca que tem em Matosinhos) e seis molhos, desde o pesto genovês ao tipicamente romano Alfredo (com manteiga, tiras de fiambre e nata fresca). Os preços variam entre os três e os quatro euros.

Pizza para os noctívagos

Fora do campeonato da marmita está, naturalmente, a pizza, que é mais procurada à noite. Excepção feita à segunda-feira (dia de encerramento) e ao domingo (fecha às 22h30), o Fast Good está aberto até às 2h, apostando em grandes tabuleiros de pizza, que vão regularmente saindo do forno, para tirar a fome aos noctívagos. As fatias generosas, de massa crocante e leve (por cada 15 tabuleiros só são utilizados 25 gramas de fermento fresco), custam entre um e dois euros.

Mesmo sendo este um conceito take-away (não há sequer lugares sentados), Crivelli garante que a qualidade não é negociável e que quer proporcionar uma alternativa acessível para as famílias: não é usado sal nem gordura animal, os produtos biológicos são privilegiados e as pizzas têm variedades vegetarianas e vegan.

“Antes de abrir o meu restaurante em Matosinhos, em 2012, estive dois anos em busca dos melhores ingredientes e receitas. Queria ter os verdadeiros sabores de Itália”, conta Sergio Crivelli, cuja carreira profissional passou pela hotelaria, informática e indústria têxtil. Foi precisamente quando trabalhava para a Wrangler, uma empresa dedicada aos jeans, que descobriu Portugal, em 1977. Três anos depois mudou-se para o Norte do país, onde fundou marcas como a Vicri e a Crialme. A abertura do mercado têxtil ao Oriente – que critica abertamente – levou-o, aos 67 anos, para a restauração e a Fast Good é, desde 24 de Julho, a nova menina dos seus olhos. Campeão do mundo de pizza sem glúten em 2012, o italiano está para já satisfeito: “A marmita está a ter grande aceitação e por isso, em Outubro, chega um napolitano para trabalhar connosco”.