Terra perdeu metade dos animais

A população de animais vertebrados diminuiu 52% no planeta desde 1970. O relatório Living Planet, feito pela Sociedade Zoológica de Londres e pela World Wide Fund for Nature (WWF), abrangeu dez mil espécies e concluiu que em menos de duas gerações (humanas) a população de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes diminuiu para menos de…

“Isto tem que nos fazer parar e pensar. Que tipo de futuro é este e em que direcção caminhamos?”, questionou na introdução do relatório, Marco Lambertini, director-geral da WWF. “Estes seres vivos fazem parte dos ecossistemas que sustentam a vida na Terra. Não está apenas em causa a preservação da biodiversidade e dos lugares selvagens, mas sim a salvaguarda do futuro da humanidade – o nosso bem-estar, a economia, a segurança alimentar e social – na verdade, a nossa própria sobrevivência”, argumentou.

As regiões tropicais foram as que mais animais perderam. Os dados da América Latina são dramáticos, com uma queda de 83% na biodiversidade. As principais causas, deste declínio mundial, são a degradação do habitat (31,4 %), a exploração através da caça e da pesca (37%) e o desaparecimento do habitat (13,4%). As mudanças climáticas são a quarta causa deste declínio, em massa, dos animais vertebrados (7,1%). O relatório realça que o impacto do clima tenderá a ser ainda maior no futuro.

Os animais terrestres sofreram uma redução de 39%. A perda do habitat para consumo humano especialmente para agricultura, desenvolvimento urbano e produção energética são as principais causas. Há menos 76% de animais de águas frias. Este número astronómico é a consequência da poluição e da alteração dos níveis das águas.

A preocupante pegada ecológica  

“Durante mais de 40 anos a humanidade exigiu à natureza mais recursos do que esta consegue repor”, segundo o relatório, que concluiu que é preciso, actualmente, mais meio planeta Terra para se conseguir repor o consumo da natureza. Ou seja, para existir uma capacidade regenerativa, o consumo humano teria que descer 33%.  

A composição da pegada ecológica per capita é determinada pelos bens e serviços utilizados, em média, por uma pessoa – inclui, por exemplo, os combustíveis fósseis. “Não é surpresa que a maioria dos países com maior pegada ecológica sejam as nações com os maiores rendimentos”, diz o relatório. As emissões de dióxido de carbono são a principal causa. “Se todas as pessoas tivessem a pegada ecológica de um residente do Qatar, precisaríamos de 4,8 planetas. Se todos fossem como um habitante norte-americano precisaríamos de 3,9 planetas”. 

Por outro lado, os países mais pobres são os que têm uma menor pegada ecológica mas são os que estão a sofrer as maiores perdas nos seus ecossistemas. 

“Porque nos devemos preocupar”

Devemo-nos preocupar porque, segundo o relatório, a população mundial em 2050 é expectável ser de 9.2 mil milhões. Porque os ecossistemas florestais fornecem abrigo e meios de subsistência – água, combustível e alimentos – a mais de 2 mil milhões de pessoas. Porque a produção alimentar representa cerca de 70% do consumo de água e 30% do consumo energético.  Porque os ecossistemas marinhos suportam mais de 660 milhões de empregos em todo o mundo. Porque mais de 768 milhões de pessoas não têm acesso a água potável e porque um terço das grandes cidades do planeta dependem directamente de reservas naturais de água potável.

“A situação é terrível e parece difícil olhar positivamente para o futuro. É certamente difícil, mas não é impossível. Como fomos nós que causámos esta situação, só nós é que a conseguiremos solucionar. Temos que fechar, de vez, este capítulo da história e construir um futuro onde todos possam viver e prosperar em harmonia com a natureza”, concluiu Marco Lambertini.