Demissão de Nuno Crato exigida por professores e pais

São já muitas as vozes a pedir a demissão do Ministro da Educação. Depois dos sindicatos e do Partido Socialista terem exigido a saída de Nuno Crato, na sequência dos problemas com os concursos de professores, agora é a vez de os cidadãos lançarem uma petição a reclamar essa substituição.

Demissão de Nuno Crato exigida por professores e pais

"Pedido de demissão Nuno Crato" é o nome da petição que foi posta hoje a correr e que contava há momentos com mais de 800 subscritores. Nesta acção, classifica-se o arranque do ano lectivo como "desastroso" e recordam-se os problemas causados às famílias e aos professores pelos problemas na colocação de docentes nas escolas. "Esta petição é o final de um percurso muito penoso para os cidadãos portugueses ao nível da Educação e da escola Pública. A incompetência deste profissional tem um limite, tal como o de todos os trabalhadores, e este já foi ultrapassado", pode ler-se ainda no texto que dá o mote à petição.

Na origem destas vozes de protesto estão os problemas na colocação de professores que, quatro semanas depois do arranque do ano lectivo, ainda se arrastam, levando a que milhares de alunos continuem sem ter todas as aulas. Além de terem sido colocados só em Setembro, os professores contratados através da Bolsa de Contratação de Escola (BCE) foram submetidos a uma fórmula de ordenação que estava errada e que originou listas de colocação incorrectas e injustas, com muitos docentes a serem ultrapassados por colegas com menos habilitações e experiência.

Como os professores já tinham sido colocados quando o Ministério assumiu o erro desta fórmula, Nuno Crato prometeu resolver o problema sem "descolocar" os docentes que já estavam nas escolas a dar aulas, nem que isso implicasse a duplicação de docentes para os mesmos horários. Contudo, depois de ter corrigido a fórmula de ordenação dos docentes, que originou novas colocações, o Ministério mandou revogar os contractos que já estavam em vigor, ordenando aos directores de escola que dispensassem os professores que estavam mal colocados e acolhessem os colocados nesta segunda fase. A medida está a gerar indignação entre os directores de escolas, que consideram esta ordem inaceitável.

Pelo menos 150 docentes ficaram agora sem emprego ou foram colocados a centenas de quilómetros do local onde estavam empregados. Alguns já tinham reorganizado a sua vida para ir dar aulas para longe de casa e estão agora a ser forçados a uma nova mudança.

Ministro diz que 800 professores chegarão à escola nos próximos dias

Para colmatar as falhas nas escolas, o Governo anunciou o lançamento de mais dois procedimentos concursais que colocarão cerca de 800 docentes até amanhã. "A nossa preocupação máxima neste momento é que cheguem à escola o mais brevemente possível os professores necessários para colmatar os horários que foram pedidos", afirmou o ministro. "Houve um erro ao início e isto atrasou este processo", justificou o ministro quando questionado pelos jornalistas. Contudo, em relação aos 150 docentes que agora perderam o lugar, o governante limitou-se a dizer: "Tendo havido esse erro, esses professores foram colocados passando à frente de outros que deveriam ter sido colocados. Nós reconhecemos isto, é lamentável".

PS diz que Passos não demite Crato porque não tem ninguém para o substituir

Foi pela voz do socialista Marcos Perestrello que o PS defendeu hoje a saída de Nuno Crato. "Se o senhor ministro da Educação não assumir as suas responsabilidades, resta ao primeiro-ministro assumi-las por ele. E, se o senhor primeiro-ministro não demitir o ministro da Educação, na sequência do que se sucedeu neste início de ano lectivo, […] não o faz, porque não encontra ninguém para o substituir", disse hoje o deputado do PS.

rita.carvalho@sol.pt