Tribunal autorizou abate do cão da auxiliar espanhola com ébola

Um tribunal madrileno concedeu hoje autorização às autoridades sanitárias para que entrem na casa da auxiliar de enfermagem contagiada com o Ébola para abater o cão da mulher e do seu marido, que estão hospitalizados.

A autorização foi dada pelo tribunal Contencioso-Administrativo 1 de Madrid e permite que as autoridades entrem em casa, na localidade madrilena de Alcorcon, para retirar o cão, de nome Excalibur.

Equipas sanitárias foram ao local com uma caixa de vidro para transportar o animal que vai ser abatido num local não precisado, tendo cerca de 50 activistas de direitos dos animais estado concentrados em protesto na zona, que continua sob controlo policial.

Duas análises realizadas na segunda-feira confirmaram que a auxiliar de enfermagem Teresa Romero Ramos, de 44 anos, se tornou no primeiro caso de contágio com Ébola fora de África.

A mulher contagiada continua a receber tratamento experimental no Hospital Carlos III, em Madrid, nomeadamente soro híper-imune procedente da religiosa Paciência Melgar, que sobreviveu à doença em agosto.

O seu marido, Javier Limón, está na mesma unidade hospitalar, sob observação mas sem sintomas da doença e tem vindo a liderar uma campanha pelas redes sociais, apoiada por várias organizações de defesa dos direitos dos animais, para evitar a morte do cão.

Na terça-feira a Comunidade de Madrid ordenou o abate do cão por considerar que "representa um possível risco de transmissão da doença ao homem".

Em comunicado a Secretaria Regional de Saúde explica que o cão "vivia em estreito e permanente contacto" com a paciente, Teresa Romero ramos, de 44 anos e natural da Galiza, que está actualmente isolada a receber tratamento no Hospital Carlos III em Madrid, com o primeiro caso de contágio do vírus fora de África.

Na nota explica que segundo a informação científica disponível "existem dados que confirmam ter-se encontrado cães com anticorpos positivos do vírus do Ébola".

Assim, argumenta, "não existe garantia de que os animais infectados não eliminem o vírus através dos seus fluidos orgânicos, com o risco potencial de contágio", refere o comunicado.

O Governo regional de Madrid explica que a decisão foi tomada depois de contacto com as autoridades de saúde animal do Ministério da Agricultura, Alimentação e Ambiente e com o Director do Laboratório referência da Organização Mundial de Saúde Animal.

"A única forma de eliminar o risco existente de transmissão da doença pela citada via é proceder à eutanásia do animal que esteve em contacto com o vírus", refere.

Perante a recusa do dono de autorizar a eutanásia, o Governo regional emitiu uma resolução sobre o caso, que foi agora autorizada pelo Tribunal Contencioso-Administrativo-2, de Madrid, para abater o cão, procedendo depois à incineração do cadáver do animal.

A eutanásia, explica a nota, vai ser aplicada "mediante as medidas adequadas para evitar o seu sofrimento, utilizando as medidas de biossegurança e biocontenção adequadas a este risco".

Lusa/SOL