Qual o futuro da PT?

O futuro da Portugal Telecom continua incerto. Depois do polémico investimento na Rioforte, que levou a perdas de 900 milhões de euros, têm sido vários os ‘obstáculos’ que se têm cruzado no caminho da fusão entre a PT e a Oi.

O mais recente foi o pedido de demissão de Zeinal Bava, presidente executivo da Oi, depois das notícias da eventual venda da PT Portugal – empresa que detém a actividade da operadora em território nacional – à dona da Cabovisão e da Oni (Altice).

Os trabalhadores da PT também já manifestaram a sua preocupação em relação ao futuro da empresa, tendo mesmo pedido a intervenção do Governo.

“Neste momento solicitamos reuniões ao presidente da PT SGPS, (Melo Franco), ao presidente da PT Portugal (Armando Almeida) e ao Ministro da Economia (Pires de Lima)”, disse ao SOL Francisco Gonçalves, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Portugal Telecom.

O SOL sabe que o pedido da reunião com Armando Almeida já foi registado, devendo a reunião realizar-se nos próximos dias.

A saída do gestor português da liderança da operadora brasileira surge num momento determinante para a Fusão OI-PT. “Esta notícia não surpreende, dado os recentes rumores de que a Oi está  interessada em adquirir a TIM e que para avançar com esse negócio terá de vender alguns activos”, explica Eduardo Silva, gestor da XTB.

Já Albino Oliveira, analista da Fincor, defende que “não tendo sido avançadas razões para esta saída, poderemos provavelmente considerar que existiram divergências entre Zeinal Bava e alguns dos principais accionistas da Oi relativamente à estratégia futura da empresa Brasileira de telecomunicações”.

“Por outro lado”, continua, “é natural assumir que Zeinal Bava seria visto pelos investidores até agora como importante para a concretização da combinação dos negócios entre a Oi e a Portugal, pelo papel que assumiu para que a operação avançasse”.

Quanto à concretização da fusão entre a Oi e a PT as opiniões dividem-se.

“A fusão ficou debilitada quando a Rioforte não conseguiu fazer face aos  pagamento e a PT SGPS acabou por perder peso na estrutura accionista da Oi. Neste momento, acredito que estamos a assistir a uma inversão total na fusão, processo que poderá vir a ser confirmado nos próximos dias”, sublinha Eduardo Silva.

Para Albino Oliveira “a Oi mostrou já querer participar no processo de consolidação do sector das telecomunicações no Brasil. A Oi continua a rever a sua carteira de negócios com o objectivo de fortalecer a sua situação financeira e assim estar melhor preparada para posicionar-se nesse mesmo processo de consolidação do sector”.

No que toca à venda da PT Portugal, os analistas acreditam que caso o cenário de fusão entre a Oi e TIM, operadora brasileira detida pela Telecom Italia, se concretize “fará sentido vender estes activos uma vez que não são estratégicos”.

A Altice, dona da Cabovisão e da Oni, e a Vodafone poderão ser alguns dos interessados em adquirir a PT Portugal. Mas as propostas podem não ficar por aqui: “O interesse do bilionário Patrick Drahi's através da empresa Altice na PT, surge como forte possibilidade para uma venda e podemos mesmo concluir que a saída de Bava pode ser a confirmação do fim do projecto comum. Outras propostas podem surgir, com os próximos desenvolvimentos no processo”, adianta o gestor da XTB.

sara.ribeiro@sol.pt