Ferro desafia Passos para debate com Costa

Foi uma entrada a pés juntos a primeira intervenção de Ferro Rodrigues num debate quinzenal depois de ser eleito líder da bancada do PS, na era costista. 

Ferro desafia Passos para debate com Costa

"Daqui a pouco tempo poderão interrogar o dr. António Costa, que estará sentado aí em frente", arrancou Ferro Rodrigues, apontando para o lugar onde está sentado o primeiro-ministro.

Ferro disse ainda que, mesmo fora do Parlamento, Costa está disponível para debater. "Se o convidar para um debate na televisão, ele estará disponível", assegurou, perante um entusiástico aplauso da bancada socialista.

Ferro Rodrigues também não se mostrou disponível para acordos com o Governo. "Depois do que fizeram ao país, não vão atrelar o PS".

O novo líder da bancada do PS não foi suave a classificar os problemas na Educação e na Justiça, considerando que o que se está a passa é "falta de respeito pelas pessoas".

"A situação na Educação é caótica", apontou Ferro Rodrigues, explicando que os problemas dão-se sobretudo nas escolas TEIP, que servem os alunos mais pobres e carenciados.

Ferro falou numa "situação trágica" na Educação e na Saúde e não poupou críticas ao bloqueio do sistema informático da Justiça, que considerou ser um problema grave, apesar da desvalorização feita pelo primeiro-ministro, que minutos antes tinha considerado que os problemas estavam a ser reparados e sublinhando que os erros afectam "apenas a área cível".

Passos quis, porém, afastar responsabilidades políticas dos erros na Educação, sublinhando que se tratou de "um erro da administração" e lembrando que levou à demissão do director-geral responsável.

O primeiro-ministro defendeu ainda a "boa-fé" do Governo, salientando o anúncio feito esta quarta-feira por Nuno Crato segundo o qual os professores serão compensados pelos prejuízos que tiveram.

"Não estamos a dizer que os professores se quiserem que vão para os tribunais", respondeu Passos, numa alusão que foi alvo de protestos nas bancadas da oposição, por ter sido essa a posição inicial do secretário de Estado da Educação, Casanova de Almeida, que disse isso mesmo na SIC Notícias, um dia antes do anúncio de Crato no Parlamento.

Recorde-se que Casanova de Almeida é do CDS e foi duramente criticado pelo deputado do PSD Duarte Marques por não ter assumido rapidamente as responsabilidades pelos erros no concurso de colocação de docentes, apesar de ter a tutela directa dessa área.

margarida.davim@sol.pt