Internacional

Irmão da auxiliar infectada em Espanha despedido por medo de contágio

José Ramón Romero, irmão de Teresa, a auxiliar de enfermagem infectada com ébola em Espanha, afirma ter sido despedido do emprego por medo de contágio. Em declarações a um canal televisivo espanhol, denuncia o abuso – pelo facto de não ter contacto com a irmã desde Agosto, não havendo por isso risco de contágio – e atira: “Perdi o meu trabalho por isto, gostava de saber se algum dos responsáveis também vai ficar desempregado”, disse citado pelo diário Público espanhol. 


José Ramón faz eco de algumas vozes críticas em relação ao modo como as autoridades sanitárias e políticas do seu país tem lidado com este caso, culpando Teresa Romero, a quem acusam de negligência. 

O caso vai-se tornando mais complexo, à medida que novas informações vão surgindo nos media espanhóis. A auxiliar, que tratou em Madrid missionários que estavam em África em auxílio aos infectados e que regressaram com o vírus, terá contraído o ébola e informado prontamente os médicos deste facto. Por sua vez, Juan Manuel Parra, o médico que a acompanhou, revela agora, por um documento escrito a que o El Mundo teve acesso, que foi sabendo pela imprensa do estado da sua paciente. Os media terão sido sempre mais rápidos na divulgação das análises de Teresa do que os resultados dos exames feitos nas urgências do Hospital de Alcorcón, onde a paciente esteve internada. 

Parra queixa-se de fatos de protecção demasiado curtos e de ter passado as primeiras das 16 horas iniciais do internamento de Teresa com um fato inadequado à situação. Acabou por accionar o protocolo para ele próprio e pediu para ser colocado em isolamento no Hospital Carlos III em Madrid, um dos centros de referência do país vizinho.

José Ramón Romero afirma ser “muito difícil” que a irmã não tenha informado as autoridades da suspeita que tinha de ébola. Para ele, as autoridades estão a “sacudir a água do capote”.  

ricardo.nabais@sol.pt

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