Decisões sobre ébola nas mãos dos responsáveis máximos das instituições

Para evitar falhas no tratamento e transporte dos doentes com ébola, o Ministério da Saúde concentrou as decisões nos responsáveis máximos dos vários departamentos das intuições de Saúde. Trata-se de um esquema em pirâmide: perante um caso suspeito é alertado o responsável máximo do departamento que, por sua vez, contacta a Direcção-Geral de Saúde (DGS).

Decisões sobre ébola nas mãos dos responsáveis máximos das instituições

Assim, sempre que alguém ligar para a Linha de Saúde 24 e for considerado um caso suspeito (por ter mais de 38º C de febre e ter estado nos últimos 21 dias num país com ébola), é imediatamente encaminhado para o enfermeiro coordenador, Sérgio Gomes, a quem cabe contactar o director ou subdirectores da DGS.

Se o doente entrar pelo seu pé numa unidade de saúde, há um número de telefone específico para os profissionais ligarem aos responsáveis da DGS. E se for necessário realizar uma análise a um caso suspeito, também é Direcção-Geral que contacta o presidente do Instituto Ricardo Jorge, onde funciona o único laboratório em Portugal com autorização para poder analisar este vírus, para que este dê luz verde à realização do teste.

O mesmo se passa se for preciso mobilizar uma das ambulâncias do INEM preparada para receber estes casos.

Ao contrário dos três hospitais nacionais referenciados para tratar doentes – Curry Cabral, D. Estefânia, em Lisboa, e S. João, no Porto – nos restantes as medidas de protecção variam. Uns, como o Hospital de Loures, decidiram avançar com um plano de actuação definido e até compraram 14 fatos para os profissionais da urgência. Já o centro hospitalar do Algarve, que está junto a um aeroporto, não tem fatos de protecção. Aliás, para Paulo Rodrigues, director de serviço de infecciologia do Hospital Beatriz Angelo, em Loures, o perigo de falhas está precisamente nos hospitais sem regras específicas para este problema: “O maior risco acontece nos serviços onde não há formação”.

Por isso, a aposta da DGS vai agora para os centros de saúde e hospitais onde as regras estão pouco definidas. Para hoje está prevista a divulgação pelo director-geral de Saúde de novas orientações aos profissionais, definidas por quatro grupos de especialistas que estiveram a rever as normas de segurança.

Para já está apenas definido que os casos suspeitos devem ser isolados numa área dentro da urgência e imediatamente contactada a DGS.

Ao SOL,  Francisco George disse que está garantido “o acesso de Portugal a medicamentos experimentais” –  referindo-se aos produtos feitos com anticorpos de doentes em recuperação, que estão a ser usados em Espanha. Fora de alcance está, para já, o medicamento experimental Zmapp, do laboratório Mapp Biopharmaceutical, que revelou sucesso no combate ao vírus mas já  esgotou.

catarina.guerreiro@sol.pt

joana.f.costa@sol.pt