Brasil: Teste de álcool, favores a familiares e uma quebra de tensão em directo

Dilma Rousseff e Aécio Neves encontraram-se ontem no segundo debate para o segundo turno das eleições Presidenciais do Brasil, que se disputam a 26 de Outubro. A tensão entre os dois candidatos, empatados nas sondagens, foi evidente chegando a haver uma troca acusações e ataques pessoais com familiares pelo meio. 

Brasil: Teste de álcool, favores a familiares e uma quebra de tensão em directo

A imprensa brasileira fala na mais violenta campanha desde que o país entrou em Democracia, em 1985. No final de debate, enquanto prestava declarações à SBT, que organizou o frente-a-frente, a ainda Presidente do Brasil viu-se obrigada a admitir, em directo, que estava a ter uma quebra de tensão, pedindo para se sentar, o que lhe deixou incapacitada para continuar a prestar declarações. 

Durante uma hora de confronto, assistiu-se a uma edição aumentada do debate de terça-feira, na Bandeirantes. A candidata à reeleição, até agora apostada em desconstruir a imagem de gestor do seu adversário, Aécio Neves, do PSDB, recordando os capítulos menos positivos da sua herança como governador de Minas Gerais, entre 2003 e 2010, e acusando-o de querer acabar com os programas de apoio social aos pobres, optou por ataques de carácter pessoal. 

Introduziu uma pergunta sobre a Lei Seca no trânsito para indirectamente recordar o episódio em que Aécio se recusou a fazer um teste de álcool numa operação stop no Rio de Janeiro, a 17 de Abril de 2011. Na resposta, o candidato do PSDB não hesitou: “Tenha coragem de fazer a pergunta directamente. A senhora tenta deturpar um assunto que deve ser lidado com maior clareza. Eu tive um episódio sim, em que me recusei a fazer o teste do balão. Minha carteira (carta de condução) estava vencida. Arrependi-me, contrariamente à senhora que não se arrepende de nada”, acusou. 

Aécio Neves, no debate de terça-feira, havia sido confrontado por Dilma Rousseff com a colaboração de Andrea Neves, sua irmã, com o governo de Minas Gerais, no mesmo período em que foi governador do estado. Ontem, o tucano esclareceu que a sua irmã prestava trabalho voluntário e não remunerado, para depois recordar a nomeação do irmão de Dilma Rousseff, Igor Rousseff, para assessor da Prefeitura de Belo Horizonte, liderada por Fernando Pimentel, do PT. 

A corrupção esteve invariavelmente no rol de argumentos de um e de outro candidato para atacar. Rousseff insistiu no aeroporto construído por Aécio Neves num terreno de familiares, entregando a gestão do aeródromo para aviões de pequeno e médio porte a familiares, segundo noticiou a Folha de São Paulo. O candidato refutou as acusações e garantiu que a área onde foi construído o aeroporto, “para benefício da população”, se situa numa “área pública”.

O candidato do PSDB devolveu o ataque enumerando os escândalos de corrupção na Petrobras, um deles revelado em plena campanha pela revista Veja, e lembrou que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, esteve envolvido no alegado processo de desvio de dinheiro da petrolífera para benefício de governantes, empresários e quadros do PT. 

Mas a sucessora de Lula da Silva não deixou o adversário sem resposta. Mencionou a uma reportagem da Folha de São Paulo através da qual foi noticiado que Paulo Roberto Costa, ex-director da Petrobras que está preso e que revelou dados sobre o esquema na estatal durante a campanha eleitoral, no final de Julho, à revista Veja, terá pago propina ao ex-presidente do PSBD, Sergio Guerra, que morreu em Março, para que ele ajudasse a esvaziar uma comissão parlamentar de inquérito que investigava a empresa pública em 2009. 

“Onde estão os corruptos da privataria tucana?”, questionou a Presidente do Brasil e candidata do PT. “Onde estão os corruptos do seu partido? Estão presos. O presidente do seu partido (José Genoino) foi preso, o tesoureiro (Delúbio Soares) e o ex-ministro da Casa Civil (José Dirceu) foram presos), devolveu Aécio Neves, na resposta.