Clima piorou, mas acordo PSD/CDS mantém-se

A renovação da coligação é dada como uma “inevitabilidade”, embora o clima entre PSD e CDS se tenha degradado nas últimas semanas. Ao PSD não agradou a pressão pública exercida pelos centristas para a redução da sobretaxa de IRS. E no partido de Portas teme-se que o OE2015 hipoteque a vitória nas legislativas.

Clima piorou, mas acordo PSD/CDS mantém-se

“Foi uma irresponsabilidade”, ataca um dirigente social-democrata sobre a forma como destacadas figuras do parceiro de coligação – como Paulo Portas e Pires de Lima – vieram a público pedir “moderação fiscal”.

No PSD, defende-se que este Orçamento “é o melhor dos últimos três anos” e acha-se que essa mensagem ficou mais difícil de passar depois  da expectativa gerada pelo CDS em torno da reivindicação de reduzir em 1% a sobretaxa. “O CDS não ajudou”, queixava-se um dirigente do PSD.

CDS teme perder votos

Entre os centristas, também não havia motivo para entusiasmo. “Este OE merece louvor por não cair em eleitoralismos, mas não ganha um voto”, diz um membro da direcção do CDS.

Coligação só lá para Março

O PSD tem apontado o início de 2015 como o timing certo para dar início à discussão sobre uma nova coligação com o CDS e a decisão de se apresentarem juntos nas próximas eleições. “Não há pressa nenhuma. Até podemos renovar em Março”, diz um membro da direcção de Passos, explicando que o mais importante era não colar a renovação da coligação à eleição de António Costa no PS. “Com o Orçamento aprovado, o CDS já não tem mais com que fazer barulho”, comenta, descartando qualquer hipótese de crise na maioria. E apontando como “quase certo” um novo acordo: “Não faria sentido irmos separados a votos”.

 Do lado do CDS, o timing não varia muito, pois os centristas entendem que após a votação final do Orçamento e durante o mês de Dezembro será a hora de começar a pensar no assunto. “Faz sentido que, com o Orçamento aprovado, a questão seja abordada até ao final do ano para logo no início de 2015 os partidos começarem a trabalhar”, defende um responsável centrista.

Ao SOL, um destacado dirigente do CDS dá mesmo a renovação da coligação em 2015 como um dado praticamente adquirido. “Para o CDS ir sozinho nas próximas eleições a actual coligação de Governo não podia ir até ao fim. Tinha de haver uma ruptura e era já, para o CDS começar a fazer o seu caminho e a preparar-se”, afirma esta fonte, reforçando uma vez mais, e como o próprio líder centrista tem insistido, que “esta vai ser a primeira coligação em 40 anos a cumprir a legislatura até ao fim”.

No seu círculo íntimo, Portas vai avisando: “Não contem comigo para crises políticas”.

margarida.davim@sol.pt

sofia.rainho@sol.pt