O primeiro passo foi dado com o mote para chamar o PS à discussão da reforma do IRS. Os sociais-democratas querem repetir a fórmula que foi bem-sucedida com o acordo alcançado com António José Seguro sobre o IRC, amarrando os socialistas às soluções adoptadas, pondo a tónica na importância da “estabilidade fiscal” para chegar a acordos entre os dois maiores partidos.
É na proposta de reforma do IRS – ontem aprovada em Conselho de Ministros – que está a solução do crédito fiscal para a eventual devolução da sobretaxa em 2016, pelo que o entendimento entre sociais-democratas é ainda mais importante.
Mas do lado do PS parece haver pouca vontade de assinar compromissos a um ano de eleições. “Não é uma proposta adequada, nem o tempo é o certo”, reagia na terça-feira Vieira da Silva, que entende que “quando estas propostas são sérias enformam a governação desde o princípio”. Ainda assim, o socialista, em entrevista ao SOL (ver pág. 16) não fecha a porta à negociação. O PSD promete, porém, não largar esta linha. “Ou pomos o Costa a falar, apresentando propostas, ou a fugir, recusando entendimentos”, assume uma fonte do PSD.
O ministro da Educação, Nuno Crato, ensaiou essa fórmula esta semana no Parlamento: “Julgo que seria muito interessante fazer um debate com o PS sobre a colocação de professores”. Um apelo que ficou sem resposta dos socialistas.
Para a semana, os sociais-democratas aguardam com expectativa o debate sobre o projecto de resolução do PS sobre a reestruturação da dívida. “Estamos curiosos para perceber qual é a solução de Costa”, ironiza um deputado do PSD, que espera uma radicalização do discurso socialista, já que destacados apoiantes do novo líder do PS como Ferro Rodrigues e Pedro Nuno Santos subscreveram uma proposta elaborada por um conjunto de 74 personalidades entre as quais constava Francisco Louçã.