Morreu Ben Bradlee, o editor do caso Watergate que levou à queda de Nixon

O antigo editor principal do Washington Post que supervisionou a cobertura do escândalo do Watergate, e levou à queda do presidente Richard Nixon (o único presidente na história dos EUA a renunciar ao cargo), morreu nesta terça-feira. 

Morreu Ben Bradlee, o editor do caso Watergate que levou à queda de Nixon

Ben Bradlee, conduziu "a transformação do Post num dos principais jornais do mundo, morreu a 21 de Outubro na sua residência em Washington, de causas naturais", informou o Washington Post.

Liderou vários trabalhos de fôlego no jornal, no qual trabalhou entre 1968 e 1991, mas foi o caso Watergate que o elevou à categoria de ícone da cultura americana como a quintessência do editor no jornalismo na sua era, como o caraceriza o New York Times, colando-lhe o rótulo de "ríspido, encantador e tenaz".

Com o total apoio da sua publisher, Katharine Graham, Bradlee levou o Post à liderança nos jornais nos EUA. Foi a intransigência de Graham na defesa incondicional do seu editor que, em Junho de 1972, juntamente com os jovens jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward, iniciaram a perseguição da história do Watergate (que a Casa Branca chamou na altura de notícia de “assalto de terceira categoria”), e levaria ao impeachment de Nixon em Agosto de 1974.

A cobertura do Post – juntamente com o livro e o filme sobre o caso, "All the President's Men" — invade ainda hoje a imaginação popular e valeu, na altura, um Pulitzer ao jornal. Mark Felt, antigo sub-director do FBI, revelou em 2005, numa entrevista à Vanity Fair, ser a “Garganta Funda”, mas Bradlee disse que nunca perguntou aos jornalistas a identidade da fonte até Nixon ter-se demitido do cargo.  

Não interessa quantos spin doctors tenham e quantos lados e argumentos existam, do Watergate e sempre, procurei sempre a verdade depois de ouvir a versão oficial da verdade”, escreveu Bradlee.

Reconhecida figura do jornalismo, morreu aos 93 anos. Benjamin Crowninshield Bradlee nasceu em 1921 no seio de uma família de Boston, no estado norte-americano de Massachusetts. Duas semanas depois de se formar em Harvard foi mobilizado para a Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, onde serviu como oficial de comunicações no navio USS Philip.

Bradlee esteve no Post durante 26 anos, saindo com 70 anos. Foi nomeado vice-presidente, ficou com um escritório no jornal e tornou-se naquilo a que chamou uma vez “uma paragem na tour” para novos jornalistas.

Foi homenageado com a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honra civil nos EUA, em 2013, por Barack Obama.

Nunca teve pretensões a ser um guru do jornalismo, deixando na sua autobiografia um motto usado pelos professores na escola: “Our best today; better tomorrow (O nosso melhor hoje; melhor amanhã)”.

Bradlee foi homenageado em 2013 por Obama. Michael Reynolds/EPA

SOL