Médicos lançam ‘cartão do cidadão’ para evitar riscos na anestesia

A Sociedade Portuguesa de Anestesiologia vai lançar esta sexta-feira um documento que cada pessoa deve preencher e trazer na carteira, reportando eventuais problemas de saúde que possam agravar o risco de uma anestesia.

"Preencha o seguinte questionário pré-anestésico e guarde-o na sua carteira. Este documento pode um dia salvar-lhe a vida", refere o documento, que estará disponível no site da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia e que é hoje lançado no âmbito da reunião científica desta organização.

Segundo Rui Guimarães, dirigente da Sociedade, todas as recomendações internacionais apontam para a necessidade de uma avaliação do doente antes da anestesia para "precaver quaisquer complicações".

"Muitos dos acidentes anestésicos têm a ver com alergias que eram desconhecidas", exemplificou o médico em declarações à agência Lusa.

O documento agora lançado pode tornar-se útil sobretudo nos casos em que uma pessoa entra inconsciente num hospital ou numa situação de urgência em que não é possível fazer uma avaliação atempada dos problemas.

Mas, de acordo com Rui Guimarães, o questionário também pode ter utilidade nas consultas de anestesia que antecedem as cirurgias, nem que seja para servir de guia para o médico e para o doente.

Além disso, o especialista lembrou que, apesar de ser uma prática recomendada, não é ainda rotina de todos os hospitais realizarem consultas de anestesia antes de uma cirurgia programada.

"Os números disponíveis no Portal da Saúde apontam para a realização, num ano, de 300 mil consultas de anestesia e mais de meio milhão de anestesias realizadas", justificou Rui Guimarães.

No documento, os doentes devem assinalar eventuais problemas de alergias, cirurgias anteriores, possíveis infecções e outras doenças, como asma.

"O grande objectivo desta iniciativa é colocar o doente no centro das nossas atenções. Visa dar um papel mais activo à população em geral, permitindo que possa participar no processo da anestesia", resumiu o dirigente da Sociedade de Anestesiologia.

O médico lembrou que a "anestesia está mais segura do que nunca", mas mesmo assim não é um procedimento isento de risco.

Lusa/SOL